Cafu sobre onipresença em eventos: "Sou o embaixador oficial do Brasil"
Dezenas de jornalistas do mundo todo se amontoavam em grupos dentro de uma sala envidraçada a menos de 100 metros de um dos trechos mais conhecidos do antigo muro de Berlim na tentativa de conversar com nomes históricos do esporte como Nadia Comaneci, Carles Puyol, Michael Johnson e Mark Spitz. Mas nenhum entre os diversos membros da academia Laureus atraia tanta atenção quanto Cafu. Mesmo sem dar uma resposta em inglês e precisar praticamente o tempo todo de uma tradutora ao seu lado, o ex-lateral brasileiro já se acostumou a ser concorrido.
Ele está presente em todo grande evento esportivo internacional como o Laureus. Esteve no sorteio da Copa América do ano passado, no sorteio da Copa do Mundo de 2018, na entrega da Bola de Prata... Não à toa, é comum nas redes sociais vê-lo descrito como um arroz de festa.
Cafu, porém, não gosta dessa expressão, ainda que admita ser figurinha carimbada nos grandes eventos esportivos. "Sorteio das Olimpíadas. Qual a maior competição depois da Copa? Não é a Olimpíada? Cafu estava lá. Sorteio da Copa. Quem não queria estar num sorteio como atleta? Cafu estava lá. Copa América, maio competição das Américas? Quem estava lá de novo. Laureus, o Oscar do esporte... são competições importantíssimas. Por que será que outros jogadores não estão? Por que será que sou sempre convidado para os principais eventos esportivos do mundo? Por que será que sou o embaixador do Qatar para a Copa do Mundo?", pergunta de forma retórica.
Ele mesmo responde: "Eu vou continuar sendo o embaixador do Brasil para grandes eventos. Coisa que muitos atletas queriam fazer e não fazem. Sou o representante oficial do Brasil para o mundo. Pergunta quem não queria estar no sorteio da Olimpíada? Quem não queria acender a tocha olímpica numa Olimpíada? Todo mundo."
Cafu, de fato, tem uma imagem polida. Durante duras horas conversando individualmente ou em pequenos grupos com jornalistas de todos os cantos do mundo, quase não tirou o sorriso do rosto. Quando chegou à sua mesa e havia uma japonesa sentada em seu lugar, disse que então ela que seria entrevista e começou a fazer perguntas, em português, sabendo que ela não entenderia quase nada - ela traduziu "Copa do Mundo por World Cup".
Dois fatos recentes, porém, tiram a alegria do ex-lateral. Sobre um ele não fala: a morte do filho Danilo. "Se eu falo eu começo a chorar e não estou aqui para chorar". O outro é o fechamento da Fundação Cafu, afundada em dívidas, que encerrou atividades no Jardim Irene, na zona sul de São Paulo, onde Cafu foi criado.
"Estamos preparando a documentação para fechar, mas eu vou continuar fazendo o que eu sempre faço", contou Cafu, voltando à pergunta sobre sua onipresença em eventos. "Quando eles falam que o Cafu é arroz de festa, eles não veem que eu ajudo a APAE, a AACD, o Hospital do Câncer de Barretos, um asilo... São oito instituições. Isso não sai na rede social. O que a direita faz, a esquerda não precisa ficar sabendo. Vou continuar mantendo esse trabalho. Vou encerrar os trabalhos da fundação, onde sou sozinho, mas vou continua ajudando com o maior prazer."
De acordo com Cafu, porém, o trabalho social no Jardim Irene deve ser retomado com apoio da prefeitura de São Paulo, em parceria que deve ser anunciada ainda no primeiro semestre. "A maior formação de cidadãos está nas fundações", argumenta.
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