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Olhar Olímpico

COB fará propaganda gratuita das Loterias Caixa após repasse recorde

Paulo Wanderley -
Paulo Wanderley

21/02/2020 16h15

Sem patrocinador master, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) aceitou fazer propaganda gratuita das Loterias Caixa. O acordo foi fechado na terça-feira (18), na véspera de evento em Brasília em que a cúpula do comitê se encontrou com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Os detalhes do acordo de cooperação serão definidos futuramente. Ele terá validade de dois anos, renováveis.

A Caixa é, por lei, a principal financiadora do esporte brasileiro. A Lei Agnelo/Piva determina que uma porcentagem do que é arrecadado pelas loterias federais seja repassada a diversos entes do esporte, incluindo o Ministério do Esporte (hoje Ministério da Cidadania), o COB e o Comitê Paraolímpico do Brasil (CPB).

Só no ano passado as loterias renderam ao COB e às confederações olímpicas R$ 286,68 milhões, um recorde histórico. Em 2017, por exemplo, o repasse havia sido de R$ 223,8 milhões. Em 2018, ano em que os repasses chegaram a ser suspensos devido a uma Medida Provisória mal calculada pelo presidente Michel Temer, o COB recebeu R$ 230 milhões.

No ano passado, esse repasse chegou a ser suspenso, porque o COB não tem certificado de cumprimento das exigências da Lei Pelé, por não ter certidão negativa de débito. A Secretaria Especial do Esporte chegou a afirmar que o COB não poderia receber os repasses sem esse certificado, mas voltou atrás, passando a acatar uma tese do COB de que o dinheiro da Lei Piva não é "público". A postura do governo ajudou o esporte olímpico a não entrar em colapso, mas deixou o COB precisando pisar em ovos com Caixa e secretaria.

A propaganda gratuita que o COB fará das Loterias Caixa é baseada na ideia de que quanto mais as pessoas forem estimuladas a apostar, maior a arrecadação das Loterias Caixa e, consequentemente, maior o repasse para o esporte, incluindo para o COB. "Se esses recursos puderem ser mais abundantes com o nosso acordo, mais investimento será direcionado ao atleta, impacta também o aspecto social, que é fundamental para a Caixa", afirma Marco Antonio La Porta, vice do COB.

O modelo é diferente da relação que existe entre Caixa e Comitê Paraolímpico (CPB). Por acordo firmado no início do ciclo olímpico, o banco federal é patrocinador master do CPB, pagando um total de R$ 90 milhões pelo contrato, até o final deste ano. O valor se soma aos repasses previstos na Lei Agnelo/Piva - foram R$ 159 milhões só no ano passado.

Em nota, o COB explicou que, em conjunto com a Caixa, ambos vão implementar "diversas ações para difundir informações sobre o papel das loterias, fomentar o aumento da arrecadação das loterias e, consequentemente, gerar mais recursos ao COB por meio dos repasses". O CPB também já faz isso, paralelamente ao contrato de patrocínio.

O COB diz que não há impedimento, pelo acordo com a Caixa, de assinatura de contrato de patrocínio com empresa do ramo financeiro, um dos principais focos do comitê no mercado - entre 2010 e 2016, o COB teve sua imagem ligada ao Bradesco.

Ainda de acordo com o COB, não existem cálculos de quanto o comitê arrecadará a mais com a promoção das Loterias. "O COB espera, em conjunto com a Caixa, fomentar o aumento da arrecadação das loterias e, consequentemente, a geração de maior repasse ao esporte olímpico", comentou.