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Magalhães assume Esporte com mesma promessa feita há 1 ano e nunca cumprida

Posse do secretário de Esporte Marcelo Magalhães - Francisco Medeiros/Ministério da Cidadania
Posse do secretário de Esporte Marcelo Magalhães Imagem: Francisco Medeiros/Ministério da Cidadania

11/03/2020 12h34

Padrinho de casamento do senador Flávio Bolsonaro (sem partido), Marcelo Magalhães assumiu a Secretaria Especial do Esporte do governo federal como apadrinhado do filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em cerimônia realizada de posse realizada ontem (10), o senador sentou-se no centro da mesa de autoridades, ao lado do agora ministro da Cidadania Onyx Lorenzoni (DEM), antes ministro da Casa Civil.

Logo de cara, Onyx anunciou a mesma promessa que já havia sido feita pelo seu antecessor, Osmar Terra (MDB), um ano atrás: uma pasta voltada ao paradesporto, um aceno à primeira-dama Michelle Bolsonaro, que é próxima à comunidade dos deficientes auditivos. "O primeiro anúncio que nós queremos fazer é que você, Marcelo, vai começar já com a Secretaria Nacional do Paradesporto, para que o esporte paraolímpico brasileiro tenha espaço fixo na Secretaria Especial do Esporte", anunciou o ministro.

Há um ano, em março do ano passado, o Ministério da Cidadania anunciou a criação do que então seria uma diretoria dentro da Secretaria Nacional de Esporte de Alto-Rendimento (SNEAR). "A nova estrutura deverá atender todo o espectro do paradesporto nacional e terá a missão de planejar, coordenar e acompanhar as modalidades paralímpicas e também aquelas não paraolímpicas, como os esportes de surdos, portadores de síndrome de Down, autistas e hemofílicos", explicou o Ministério na ocasião.

A diretoria, porém, nunca foi criada, esbarrando na vontade do Ministério da Economia, que é contra a criação de novas despesas. Mesmo assim, a promessa volta à mesa com uma aposta ainda maior: criar não uma diretoria, mas uma secretaria, que por sua vez naturalmente teria diretorias e outros postos de segundo escalão e verbas próprias.

No governo federal, as ações voltadas ao paradesporto ficam dentro da SNEAR. Em 2017, por exemplo, essa secretaria liberou R$ 1,5 milhão para financiar a ida de 75 atletas, mais comissão técnica, para a Surdolimpíadas, disputada na Turquia. Também é a SNEAR que cuida do Bolsa Atleta e, em tese, de convênios com confederações e comitês, inclusive os de paradesporto.

O surpreendente anúncio de Onyx veio no mesmo dia em que a Folha publicou que o maior anúncio de Bolsonaro no esporte, uma verba de R$ 10 milhões para o Centro de Treinamento Paraolímpico, em São Paulo, nunca saiu do papel. Daquela cerimônia, há nove meses, participaram o próprio presidente e a primeira-dama.

Quase duas semanas depois de Magalhães ser escolhido como novo secretário de Esporte, seus planos ainda são uma incógnita. Na cerimônia de posse, ontem, ele teve uma fala curta, na qual fez uma defesa breve do esporte escolar e universitário e do profissional de educação física.

"Acho que a gente deve primeiramente, dentro dessa pasta, fortalecer a imagem do profissional de educação física. Esse será meu grande desafio, porque por anos a gente viu a pirâmide sendo invertida. A base, o colegial e o universitário deixaram de ser trabalhados. Então, juntamente com a pasta social, esperamos fazer algo relevante e transformador", afirmou. "Eu chego com a missão de implementar uma nova plataforma, de maneira sustentável, eficiente e com responsabilidade. A porta do meu gabinete vai estar aberta para quem quiser o diálogo. Vamos trabalhar para fazer algo transformador. A palavra é transformação."

De 19 militares que tinham cargos de confiança na secretaria, dez já foram exonerados, incluindo logicamente o antigo secretário, general Décio Brasil, e o seu adjunto, coronel Marco Aurélio Araújo. A expectativa é que todos os demais também saiam, incluindo o coronel Ronaldo Lima, secretário de futebol. Outros subsecretários de primeiro escalão não sabem se vão ficar ou sair, porque até agora não conseguiram audiência com o novo secretário. São os casos dos atletas olímpicos Fabiola Molina (SNELIS), Luisa Parente (antidoping) e Emanuel Rego (alto rendimento).