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Presa em Lima, seleção de muay thai pede ajuda para voltar ao Brasil

Seleção brasileira de muay tai no Peru - Arquivo pessoal
Seleção brasileira de muay tai no Peru Imagem: Arquivo pessoal

18/03/2020 17h45

Cinco atletas que representariam o Brasil em uma competição pan-americana de muay thai estão entre os brasileiros impedidos de voltar de Lima para o país. O Peru fechou suas fronteiras no sábado (14) e, desde então, mais de 3 mil brasileiros não conseguem voos para retornar. No domingo (15), os lutadores e o técnico da seleção brasileira, Álvaro Gama, foram impedidos até mesmo de chegar até o aeroporto internacional da capital peruana.

Ontem (17) eles gravaram um vídeo que circula nas redes sociais. "Pediram que procurássemos a embaixada do Brasil, fizemos isso, tivemos lá ontem, não fomos recebidos, voltamos hoje, também não fomos recebidos. Não sabemos o que fazemos. Estamos aqui com poucas condições financeiras, não sei por quanto tempo iremos aguentar essa situação. Peço que as pessoas do Brasil, os órgãos competentes, nos ajudem", diz Álvaro no vídeo.

Com ele estão cinco atletas, sendo dois menores de idade, de 16 e 17 anos. Todos são de cidades pequenas do Rio - Araruama, Petrópolis e Casemiro de Abreu - e foram ao Peru para participar de um Campeonato Pan-Americano. Chegaram lá na quinta e, no sábado, ficaram sabendo que o torneio estava cancelado por conta do coronavírus. Atletas que iriam de Belém a Lima nem chegaram a viajar.

Eles representam a Confederação Brasileira de Muay Tai Tradicional (CBMTT), que não recebe recursos públicos federais. Por isso, cada um se virou para pagar sua passagem e todos se hospedaram juntos em um apartamento. Chegando em Lima se depararam com o real desvalorizado em relação à moeda local, o soles, e agora têm que lidar com supermercados vazios.

"A gente não contava que as coisas iam aumentar no mercado. Nossa moeda está cada vez mais desvalorizada. Uma coisa que valia 10 passou a valer 20. Aqui acabou tudo no mercado. Tem fila, tem que ficar um metro de distância do outro. A gente só pode ir para rua se for para ir no mercado ou hospital, ou farmácia. Ovo já não tem há muito tempo", contou Álvaro, por telefone, ao Olhar Olímpico. O grupo tem se virado com macarrão, pão, e alguma proteína.

Depois de saberem do fechamento das fronteiras, eles tentaram ir ao aeroporto, no domingo, mas encontraram o Exército impedindo o trânsito até lá. Quando o apelo em vídeo passou a circular, a Secretaria Especial do Esporte contatou a confederação e a embaixada brasileira em Lima recebeu o grupo. Mas eles não sabem quando vão voltar.

"O dia que a gente vai embora a gente não sabe. Falaram que o mais breve possível vão tirar a gente daqui. Já tem o acordo, o Peru já aceitou liberar a gente, mas depende do contato do consolado com as empresas aéreas", conta Álvaro. Por enquanto, ele está pagando despesas como aluguel, mas o grupo tem que trocar de apartamento, para um menor, para economizar.

Em seu site, a embaixada do Itamaraty em Lima disse que solicitou ao Ministério das Relações Exteriores do Peru esclarecimentos sobre autorizações e procedimentos para saída do território peruano por via terrestre com veículos particulares, mas ainda não recebeu resposta. Ontem a embaixada iniciou um cadastramento de todos os cidadãos brasileiros interessados em voltar ao Brasil e prometeu prestar assistência a brasileiros em situação de "comprovado desvalimento".