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Olhar Olímpico

Presidente do handebol reassume e demite técnico contratado há 6 meses

Daniel Gordo, demitido como técnico da seleção de handebol - Divulgação
Daniel Gordo, demitido como técnico da seleção de handebol Imagem: Divulgação

08/04/2020 11h15

Presidente da Confederação Brasileira de Handebol desde 1989, Manoel Oliveira reassumiu o cargo no mês passado, depois de cair a liminar que o havia afastado, e agora começa a demonstrar poder. Ontem (7), ele demitiu o técnico da seleção masculina, o espanhol Dani Gordo, que havia sido contratado em novembro para treinar o Brasil no Pré-Olímpico, que acabou adiado por causa do novo coronavírus.

A seleção brasileira era favorita a ficar com a vaga olímpica pelos Jogos Pan-Americanos, mas treinou pouco por falta de recursos (a confederação está impedida de receber dinheiro público, por irregularidades na gestão de Oliveira) e sofreu uma inesperada derrota para o Chile na semifinal. Encerrado o torneio, o técnico Washington Nunes foi demitido pelo então presidente em exercício Ricardo Souza, o Ricardinho.

A demissão causou surpresa entre os jogadores, que gostavam do trabalho de Washington. Na sequência a diretoria anunciou a contratação do desconhecido Daniel Gordo, de apenas 38 anos, que tinha como maior feito o título da irrelevante segunda divisão espanhola e nunca havia treinado um time de ponta. Na ocasião, o Brasil tinha chances remotas de ir à Olimpíada. Precisaria torcer por uma combinação de resultados nos Campeonatos Europeu e Africano para herdar uma vaga no Pré-Olímpico Mundial.

O primeiro trabalho de Gordo foi o Centro-Sul-Americano, na prática um Campeonato Sul-Americano, disputado em janeiro, no Paraná. O time fez 10 treinamentos, atropelou o Chile, mas perdeu de um gol para a arquirrival Argentina, ficando com o vice-campeonato. Dias depois, o Brasil conquistou a vaga no Pré-Olímpico e ficou muito perto de ir a Tóquio. Só precisaria vencer de novo o Chile e a frágil Coreia do Sul.

O resultado em Maringá não agradou mas o que mais incomodou jogadores foi a postura do treinador, considerado arrogante. Não demorou para a CBHb e o Comitê Olímpico do Brasil (COB) saírem atrás de outro técnico. O astro francês Didier Dinart, campeão mundial em 2017, foi sondado, mas recusou a oferta.

Depois disso veio toda a mudança no poder. Os denunciantes de Oliveira não deram continuidade à ação popular na Justiça Federal e a liminar que exigia seu afastamento do cargo desde 2018 caiu. Ele, que já havia cortado relações com Ricardinho, assumiu o posto então ocupado pelo seu vice-presidente, inicialmente com discurso de união e prometendo convocar eleições, o que ainda não tem data para acontecer.

O adiamento da Olimpíada para 2021, porém, deu a Oliveira a possibilidade de corrigir os rumos da seleção masculina. Os Pré-Olímpicos que seriam em junho foram adiados e devem ocorrer apenas em 2021. Antes disso, a equipe joga o Mundial do Egito, que continua programado para janeiro do ano que vem. De volta ao mercado, o Brasil agora pode ofertar a chance de um treinador classificar a equipe para a Olimpíada e disputá-la com um time de bom nível, que foi nono colocado no último Mundial.