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Olhar Olímpico

Clubes não esperam fim da quarentena e cancelam o NBB

Jogo das Estrelas de 2019 do NBB - Divulgação
Jogo das Estrelas de 2019 do NBB Imagem: Divulgação

04/05/2020 18h35

A temporada 2019/2020 do NBB acabou nesta segunda-feira (4), sem a definição de um campeão. A decisão foi tomada durante assembleia geral da Liga Nacional de Basquete (LNB), realizada de forma virtual, em que prevaleceu a vontade da ampla maioria dos clubes, que se viam sem recursos para manter o elenco sem jogar. A classificação final da fase regular será mantida para definir os classificados às competições internacionais.

O cancelamento do torneio se deu de forma unânime na assembleia de clubes, ainda que a liga viesse defendendo um projeto em que todos os profissionais envolvidos na retomada do campeonato fossem testados para o novo coronavírus. Os atletas também votaram pelo cancelamento, depois de votação unânime em reunião do grupo.

O NBB foi paralisado no dia 16 de março, quando faltavam 33 das 240 partidas previstas para o fim da fase de classificação. No final daquele mês, também em reunião por videoconferência, os clubes decidiram dar a primeira fase por encerrada, respeitando a classificação por aproveitamento de pontos, e decidir depois como seriam disputados os playoffs, a partir das oitavas de final.

O prolongamento da crise causada pelo coronavírus, porém, não permite que a competição volte tão cedo, apesar dos protocolos que vinham sendo discutidos pela liga. Os clubes de menor orçamento ou já foram eliminados ou desistiram de manter o elenco profissional, casos de Pinheiros e Bauru. Mas os concorrentes ao título - Flamengo, Franca, Minas e São Paulo até semanas atrás pareciam dispostos a continuar.

No basquete, diferente do futebol, os contratos são por temporadas de 9 ou 10 meses, de agosto a maio/junho, e os clubes vinham dialogando com seus elencos para uma pequena extensão até julho. Mas ninguém tem certeza se será possível jogar até lá, e as demais equipes não têm fôlego para arriscar.

Uma das condições para o NBB retornar seria todos os times reiniciarem as atividades ao mesmo tempo, o que seria inviável com cada estado e cada município tendo regras diferentes. "Nós fomos até o estouro do cronômetro. Ouvimos todos os personagens que fazem do NBB uma das competições mais admiradas do Brasil. Sentamos semanalmente com todos os clubes, atletas, técnicos, árbitros, patrocinadores, parceiros de mídia, e criamos um projeto para retomar a competição. É triste ter que encerrar a temporada e não queríamos isso, mas saímos dessa experiência convictos que fizemos tudo o que foi possível", afirmou o presidente interino da LNB, Nilo Guimarães.

A falta de uma luz no fim do túnel para a pandemia no Brasil impossibilitou o retorno. "Se nós vivêssemos num país que estivesse mais avançado em relação à pandemia, poderíamos cravar hoje o retorno do NBB. O relatório realizado pela equipe multidisciplinar foi muito bem preparado e teria viabilidade para execução. Porém, nesse momento, o Brasil ainda não apresentou evoluções e não é possível seguir com o processo agora", afirmou Dr. Diego Gadelha, diretor médico da Unifacisa e um dos líderes médicos do grupo multidisciplinar da LNB.

"Infelizmente, o momento atual não é favorável a uma possível volta. Hoje, não temos certeza de segurança aos atletas, técnicos, árbitros e funcionários da liga para poderem trabalhar com tranquilidade", afirmou Guilherme Teichmann e presidente da Associação de Atletas Profissionais de Basquete. O ala/pivô joga pelo Corinthians, que enfrentou o Minas na última rodada antes da paralisação e só na semana passada ficou sabendo que Leandrinho, do time rival, testou positivo para Covid-19 na semana seguinte ao confronto. Nem os rivais nem os colegas de clube do astro do NBB foram avisados, o que colocou em risco a vida de inúmeras pessoas.

Pesou também a decisão da Liga Argentina de só concluir a atual temporada em outubro, no início da próxima. O Flamengo esperava essa decisão porque o clube está na final da Champions League América, espécie de Libertadores do basquete, contra um adversário que sairia de um duelo entre argentinos. O clube rubro-negro esperava entregar ao menos esse título aos patrocinadores. A decisão sobre o encerramento deste torneio será da Fiba.

Antes do NBB, a Superliga de Vôlei também já havia decidido chegar ao fim, tanto na sua versão feminina (antes), quanto na masculina (depois). Em ambos os torneios não foram declarados campeões. Entre os homens, o Taubaté chegou a se declarar "campeão moral", levou uma puxada de orelha, e voltou atrás.

Fica agora a dúvida sobre o que será do restante do basquete brasileiro. A Liga de Basquete Feminina (LBF) havia acabado de iniciar a temporada quando teve que paralisar o torneio por causa da quarentena. A previsão era disputar toda a primeira fase até julho, o que dificilmente vai acontecer.

Dilema ainda maior vive a segunda divisão nacional, que esse ano passou para as mãos da Confederação Brasileira de Basquete (CBB). A confederação ia iniciar o torneio em janeiro, adiou para março, mas a crise chegou antes. Agora os elencos estão parados, sem terem jogado, e sem previsão de conseguirem atuar na atual temporada. Em tese, não há tempo hábil para se disputar o torneio, um time chegar ao título e se inscrever na próxima temporada do NBB. Com isso, o campeonato perderia seu principal atrativo.