Sem temporada, CBV estuda amistosos para seleções de vôlei
Demorou, mas a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) tomou a esperada decisão de cancelar a temporada 2020 da Liga das Nações, torneio que substituiu a Liga Mundial no masculino e o Grand Prix no feminino. Como os Jogos Olímpicos de Tóquio também foram adiados, para 2021, as seleções brasileiras de vôlei não têm nada o que fazer este ano.
A situação preocupa a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) tanto pelo aspecto técnico quanto pelo financeiro. A entidade precisa dar visibilidade aos patrocinadores, que pagam caro para apoiar as seleções brasileiras, especialmente em um ano chave, no qual vencem contratos importantes como o com o Branco do Brasil.
"Estamos planejando com as comissões técnicas, tanto com o Renan (Dal Zotto) quanto com o Zé Roberto (Guimarães), qual é a saída para isso. Não dá para ficar um ano e meio sem reunir o grupo. Provavelmente vamos buscar condições de fazer amistosos, mas precisamos ver a condição dos adversários. Mas a gente deve fazer jogos amistosos, sim", revela Renato D´Avila, superintendente da CBV.
A vontade, porém, encontra as mais diversas dificuldades, encontradas por todas as entidades esportivas no mesmo. Uma delas é a impossibilidade de prever uma data para esses jogos. "Não sabemos, ninguém sabe. A expectativa é aguardar o final das restrições (de circulação), para que daí a gente possa concretizar algum planejamento", continua.
A confederação conversa com as comissões técnicas e com médicos, mas ainda não tem um plano concreto de como agir. Uma solução seria, mais frente, como já tentam alguns clubes de futebol, realizar testes em massa e trancafiar as seleções no centro de treinamento de Saquarema (RJ). Mas hoje não é possível fazer um planejamento assim, porque não existem equipamentos e testes disponíveis para serem adquiridos. "Os testes nem disponíveis estão, nem para o governo, quanto mais para a confederação. A escassez de equipamento e teste é uma coisa geral, genérica", argumenta.
No vôlei, as seleções costumam se reunir só no período compreendido entre, no máximo, abril e setembro, com a temporada interclubes começando em agosto e terminado em abril/maio do ano seguinte. Com o cancelamento dos torneios oficiais de 2020, as seleções brasileiras só precisariam se encontrar de novo na preparação para Olimpíada, em abril de 2021.
Patrocinadores contavam com entregas durante esse período. Entre eles o Banco do Brasil, que ainda no ano passado indicou oficialmente à CBV que tem interesse na renovação do contrato que vence no final de 2020. "Estão sendo discutidas quais são as bases do contrato", explica D'Ávila, otimista. "O plano é renovar com atuais parceiros e caso algum deles não renove, buscar alternativas que estamos monitorando."
Há também uma grande dúvida sobre como se dará a próxima temporada do vôlei brasileiro. O planejamento é começar a Superliga em outubro, mas ninguém é capaz de dizer, hoje, se esse cronograma conseguirá ser cumprido. Diante da incerteza, o mercado de transferências está desaquecido. O Sesc-RJ já avisou que não continua com o projeto do time masculino e o Sesi-SP dispensou todo o elenco profissional entre os homens. Clubes como Maringá e América-MG devem salários e, se assim continuarem, nem podem tentar se inscrever.
Com os investimentos baixos, quando não estão parados, e o real cada vez menos valorizado na comparação com dólar e euro, muitos jogadores estão acertando transferência para clubes estrangeiros. D'Avila admite que existe uma preocupação, mas tenta ver o lado positivo. "Já vivemos outras situações de êxodo de atletas, onde era mais vantajoso ir para fora, e isso acaba gerando oportunidade de alçar atletas jovens para assumir responsabilidade. Pode ser uma oportunidade, pode ser um problema. Está muito cedo ainda para avaliar qual a real situação de saída ou permanência de atletas", pondera.
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