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Olhar Olímpico

Academias não querem entrar em guerra entre governos, diz Gustavo Borges

Gustavo Borges, presidente da ACAD - Ana Dourado/Divulgação
Gustavo Borges, presidente da ACAD Imagem: Ana Dourado/Divulgação

12/05/2020 14h27

De um lado, governadores e prefeitos avisando que não vão pretendem autorizar a reabertura de academias. De outro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmando que tal postura "afronta o estado democrático de direito". No meio, colocadas no meio do fogo cruzado, as academias. Presidente da Associação Brasileira de Academias, o medalhista olímpico Gustavo Borges diz que não é desejo de setor participar dessa guerra.

"A gente não quer entrar nessa guerra, não gostamos de brigar. A gente quer fugir dessa briga porque essa não é nossa briga. Nossa briga é com a segurança e saúde em casos de reabertura, em que nossos empresários, de acordo com leis municipais e estaduais tenham direito de abrir ou não", diz o empresário, dono de três academias (duas em Curitiba, uma em São Paulo) e de um método de treinamento de natação presente em 402 estabelecimentos de 226 cidades.

A ACAD, entidade da qual o ex-nadador é presidente há quatro anos, não vai se posicionar ao lado do governo federal, que defende que as academias de todo o país abrem quando quiserem, nem dos governos locais que proíbem a reabertura. "A gente não recomenda (reabrir). Nossa posição é que os empresários tomem a melhor decisão para eles em seus municípios. A gente não pode decidir fechar ou não a academia, não pode decidir abrir ou não. A gente nunca vai se posicionar dessa forma."

A associação, porém, vinha considerando que as discussões precisavam ocorrer regionalmente, como no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, onde há autorização estadual para reabertura. "Quando chegou nessa etapa de falar em reabrir, nosso intuito era: quem decreta se pode ou não são as autoridades locais. Você tem o municipal, o decreto estadual, e a partir daí o empresário decide se vai abrir ou não."

O Olhar Olímpico contatou a ACAD pela primeira vez na segunda-feira (11) à tarde, quando ainda não se discutia publicamente a possibilidade de as academias serem incluídas na lista de atividades essenciais, ainda que empresários do setor pressionassem o governo nesse sentido. Naquele contato, a ACAD informou que, como entidade, não pleiteava junto ao governo federal o direito de reabrir, apenas medidas financeiras de auxílio.

Diante da iniciativa do presidente, o setor só tem a agradecer. "Quando o Bolsonaro coloca academia como sendo essencial, a gente tem que ficar grato. A gente não vai achar ruim que academia é essencial. Tem tudo a ver com o discurso que há quatro anos a gente vem colocando", justifica.

De fato, na gestão de Gustavo Borges a ACAD tem batido na tecla de que o Brasil é um país muito sedentário e que o setor é importante na saúde preventiva. "A gente sempre veio lutando com muitas interações no Congresso, no Senado, com a população, com os alunos, com a relação à sensibilidade em relação ao sedentarismo. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o quinto país mais sedentário. A gente vem conscientizando sobre a prática de esporte ser essencial. A gente sempre levantou a bandeira da saúde, das academias que fazem parte disso."

Mas cuidar da saúde é não só realizar exercícios físicos, principalmente numa pandemia. Por isso, Gustavo Borges, como empresário, defende que as academias pensem com cuidado a decisão de reabrir. "Tem vários fatores que influenciam. É preciso ter diálogo com clientes, com colaboradores. A gente estudado, buscado informação, mas o curto prazo é uma hora, o médio é um dia. A gente está aprendendo numa crise que veio sem manual de como lidar com essa situação. Nada supera a preocupação com a saúde, com a sociedade, com os colaboradores. Não dá para botar em risco."

A entidade já tem uma cartilha com recomendações para os empresários que decidissem reabrir. Nessa cartilha a máscara no ambiente interno é tratada apenas como uma recomendação ao cliente, não uma exigência, algo que Gustavo entende que deve ser revisto. A cartilha também recomenda, entre outras medidas, o uso de uma esteira sim e outra não. Segundo o empresário, protocolos semelhantes na China, em Hong Kong e em Cingapura têm funcionado.