Mesmo com pandemia, COB vê receita com Loterias aumentar em 2020
Mesmo com a pandemia e a queda na circulação de pessoas, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) viu aumentar sua receita vinda das Loterias no primeiro quadrimestre de 2020. Números divulgados pela Caixa Econômica Federal mostram que o comitê recebeu repasses de R$ 82,8 milhões nos quatro primeiros meses deste ano, contra R$ 79,2 milhões em 2019, quando fechou o ano com arrecadação recorde nesta que é sua principal fonte de verbas.
Pela Lei Agnelo/Piva, o COB recebe uma parte de cada aposta feita nas loterias federais. Na Mega Sena, por exemplo, o repasse é de 1,73% do valor da aposta. O dinheiro cai na conta do comitê cerca de 10 dias úteis após a realização da aposta, o que garante uma receita contínua ao COB e a outras entidades como o CPB (paraolímpico) e o CBC (clubes), que têm cotas menores.
O montante recebido, porém, depende de fatores sazonais. No ano passado, o COB recebeu no mínimo R$ 18 milhões por mês, mas em maio o valor chegou a R$ 35 milhões, praticamente o dobro, porque a Mega Sena acumulou. Este ano, só em fevereiro o comitê arrecadou R$ 30,9 milhões com as Loterias, novamente em mês de Mega Sena acumulada.
Com muitas casas lotéricas fechadas por causa da pandemia e as pessoas circulando menos nas ruas, a arrecadação das loterias caiu, mas em proporção menor do que o aumento registrado em fevereiro. O COB recebeu R$ 14,1 milhões em abril, contra R$ 22,9 milhões no mesmo mês do ano passado. Em março a queda foi mais leve: R$ 16,7 milhões, ante R$ 18,9 milhões de 2019.
O COB vem pleiteando junto ao governo federal a derrubada de uma regra que limita de 25% os gastos com as chamadas "atividades meio". Ou seja, com os gastos que não estão diretamente ligados ao esporte, como pagamento do salário de presidentes de confederações, aluguel, eletricidade, contadores, advogados, etc. O COB alega que esses gastos irão se manter nos mesmos patamares do ano passado, tornando-se uma fatia proporcionalmente maior de um bolo menor.
Em mensagem enviada há um mês aos presidentes de confederação, o presidente do COB, Paulo Wanderley, disse que já havia tomado as providências para "neutralizar" a covid-19 no esporte. "A 'vacina' deverá ser produzida ainda esta semana", comunicou. Ao Olhar Olímpico, o COB disse que era uma referência à sinalização do governo de que o teto seria reavaliado.
O teto ainda não foi reavaliado, como queria o COB, e as receitas não foram reduzidas no primeiro quadrimestre, como mostram os números divulgados pela Caixa. Ao blog, o comitê não respondeu qual era a previsão de arrecadação no primeiro quadrimestre, nem se houve redução de gastos administrativos no período na comparação com o previsto no orçamento aprovado pela assembleia - o documento não está disponível no site do órgão.
O COB, porém, segue sustentando a necessidade de redução do teto. "O recorte dos quatro primeiros meses do ano não reflete a queda abrupta na arrecadação das Loterias após o início da pandemia, seguida de quarentena", disse o COB, ressaltando que "segue analisando constantemente o impacto da redução na arrecadação e tomando as medidas administrativas necessárias com o objetivo de proteger o sistema esportivo brasileiro".
O comitê também não respondeu se, com as competições e os treinamentos parados, tem novos projetos para utilizar o valor da Lei Piva na atividade fim. Na nota ao blog, disse que "em um momento em que a prática esportiva está seriamente comprometida pela pandemia, nos encontramos diante de uma distorção desses números, o que independe da arrecadação, mas da impossibilidade de realizar eventos."
O texto inicialmente dizia que o COB alegava que a queda de receitas com as loterias por causa da pandemia justificaria o pleito junto ao governo federal da derrubada da regra que limita de 25% os gastos com as "atividades meio". Em contato com a reportagem, a entidade diz que a variação de arrecadação das loterias não tem ligação com o pedido. O texto foi ajustado.
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