Hexa da Superliga, Sada/Cruzeiro diz que prioridade do vôlei é sobreviver
Hexacampeão da Superliga Masculina de Vôlei, o Sada/Cruzeiro é um dos poucos clubes ativos no mercado em meio à pandemia do coronavírus. A equipe mineira, dona de um dos maiores orçamentos do país, porém, deve cortar 40% dos investimentos para a próxima temporada. Para o diretor esportivo Flávio Pereira, a prioridade do vôlei brasileiro neste momento é sobreviver.
"Em minhas conversas com os atletas, quando pedi a eles uma redução salarial nas duas últimas parcelas da temporada que não se encerrou, eu dizia para eles que estava propondo um acordo de sobrevivência. Creio que é bem por aí o momento atual: sobrevivência, com sacrifício de todos para que possamos lá na frente ressurgir mais fortes. Talvez seja esse também o atual momento do voleibol brasileiro: pensar em sobrevivência antes de qualquer coisa", afirmou o Pereira ao Olhar Olímpico.
A temporada 2019/2020 foi suspensa no fim de semana em que o Brasil entrou em quarentena, em meados de março, e depois encerrada quando os clubes concluíram que não havia tempo hábil para voltar a jogar antes de julho. Oficialmente a temporada não teve um campeão, mas para fins estatísticos vale a classificação do momento da paralisação, com o Sada/Cruzeiro em segundo - ainda existia a chance real de ultrapassar o Taubaté na última rodada.
A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) pretende que a próxima Superliga comece em outubro, mas ninguém sabe dizer como será o cenário pós-pandemia. Dono de um dos maiores investimentos da modalidade, o Sada fará cortes profundos. "Ainda estamos alinhando internamente mas nosso orçamento deve cair na ordem de 40%. Manter os projetos sociais, manter o trabalho de formação e ainda garantir uma equipe competitiva são os nossos desafios neste momento", explicou Pereira.
O clube ainda não comenta negociações nestes últimos dias de temporada (e de contratos), mas já se sabe que o campeão olímpico Evandro não fica, nem o canadense Perin, nem o oposto Luan, que se transferiu para o vôlei francês. Do rival Taubaté já saíram Lucarelli, Lipe e Vissoto. O Sesc-RJ acabou com o time masculino e o Sesi-SP dispensou todo o elenco profissional, exceto o veterano Murilo, que aceitou ganhar bem menos do que está acostumado, mas seguir empregado.
Exceção a menos de uma dúzia de negociações, incluindo Bruninho trocando a Itália por Taubaté e Alan (ex-Sesi) no próprio Sada, o mercado está parado. A tendência é muita gente ir embora do país. "Infelizmente não tem concorrência mais. Os atletas que optam jogar com a gente sabem que poderiam estar ganhando mais em outros países", reconhece Pereira.
O dirigente diz acreditar numa queda acentuada no nível técnico do campeonato nacional. "O enfraquecimento de algumas equipes, a perda de investimentos de equipes que brigavam com a gente lá em cima, como Sesi e o Sesc, e a dificuldade das equipes menores e intermediárias em buscar patrocínios, em virtude da crise do Covid -9, serão complicadores para a próxima temporada", afirma, cobrando que Confederação Brasileira de Vôlei, Comitê Olímpico do Brasil (COB) e governos ajudem o esporte a se reestruturar. "Temos que lembrar que os clubes é que fazem a formação e são a base para as conquistas".
O clube de vôlei, vale lembrar, é a Associação Social e Esportiva Sada, que tem parceria com o Cruzeiro, clube que empresa seu uniforme para o time. Apesar da crise política vivida pelo Cruzeiro, a parceria está mantida.
"O Cruzeiro é um grande clube, um dos maiores do País, com milhões de torcedores apaixonados e que vai se reerguer. Temos orgulho de mantermos essa parceria, uma das mais antigas do Brasil e de longe a de maior sucesso esportivo. Infelizmente alguns gestores ruins o levaram para essa situação. Durante todos esses anos de parceria sempre mantivemos as coisas de forma clara para o torcedor sobre o nosso modelo: todos sabem que a gestão do vôlei é nossa, através da entidade Associação Social e Esportiva Sada, sem interferência direta do clube", afirma o diretor.
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