Ex-comunista, Derly é pré-candidato a prefeito por partido de C. Bolsonaro
O bicampeão mundial de judô João Derly é pré-candidato a prefeito de Porto Alegre (RS). Depois de entrar na vida política pelo PCdoB, partido pelo qual foi vereador da capital gaúcha e deputado federal, o ex-judoca se filiou ao Republicanos (ex-PRB) e deverá ser lançado à prefeitura pelo partido de Marcelo Crivella e dos irmãos Carlos e Flávio Bolsonaro contra Manuela D'Avila, sua mentora na política.
Atual secretário de Esporte e Lazer do governo gaúcho, pasta criada pelo governador Eduardo Leite (PSDB) no início da gestão, Derly foi o primeiro brasileiro campeão mundial adulto de judô, em 2005, e repetiu o feito em 2007. Prejudicado por uma série de lesões, encerrou a carreira esportiva precocemente em 2012, aos 31 anos.
Naquele momento, o PCdoB, que comandava o Ministério do Esporte, viu em Derly um político em potencial e o chamou para ser o principal candidato a vereador do partido nas eleições de 2012 de Porto Alegre, onde Manuela D'Avila era uma das favoritas à prefeitura. Ela perdeu, mas ele foi o segundo vereador mais votado da cidade. Dois anos depois, decidiu alçar voos mais altos e se elegeu deputado federal, com mais de 100 mil votos, herdando os votos da amiga, que concorreu a deputada estadual. "Peço a ti que sempre me apoiaste e segue me apoiando, para eleger o João Derly", dizia Manuela em vídeo da campanha dele.
Menos de nove meses depois de assumir o mandato, Derly se desfiliou do PCdoB, pegando Manuela de surpresa. O ex-judoca, que nunca foi um comunista de carteirinha, já havia deixado de seguir a orientação do partido em diversas votações e aproveitou janela aberta para se transferir para a então recém-criada Rede, de Marina Silva. Do lado do PCdoB também havia muito incômodo por ele não se posicionar contra o processo de fritura da presidente Dilma Rousseff (PT) - Derly acabou votando a favor do impedimento.
O ex-judoca seguiu como principal nome da Rede no Rio Grande do Sul e sentiu falta de uma estrutura partidária nas eleições de 2018, quando recebeu pouco mais de 50 mil votos e não se reelegeu para a Câmara dos Deputados, ficando como terceiro suplente da coligação que tinha também PSDB, PTB, PP e PRB (atual Republicanos). Passada a eleição, foi convidado por Leite, do PSDB, para ser secretário de Esporte.
Evangélico, aproximou-se de lideranças do Republicanos, como o deputado federal Carlos Gomes, presidente estadual do partido. No final de fevereiro, pelo que consta nos registros do TRE, assinou filiação ao partido, que um mês depois também ganhou o reforço do vereador do Rio Carlos Bolsonaro e da mãe deste, Rogéria.
Na sequência se filiou também o filho mais velho de Jair Bolsonaro (sem partido), o senador Flávio. O partido tem se aproximado do governo Bolsonaro e o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, é cotado como candidato do governo à presidência da Câmara.
Nesta semana, a pré-candidatura de Derly pela prefeitura de Porto Alegre foi confirmada pelo seu braço-direito, o treinador de judô Kiko, que foi seu técnico durante toda a carreira e trabalhou como seu assessor na Câmara. "Já tenho o meu voto: 10 João Derly Republicanos", postou no Twitter, compartilhando uma enquete eleitoral. Procurado, Derly não quis comentar.
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