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Olhar Olímpico

Com CT's fechados, atletas voltam aos treinos em estruturas militares

Dueto brasileiro do nado sincronizado volta a treinar no CEFAN - CBDA/Divulgação
Dueto brasileiro do nado sincronizado volta a treinar no CEFAN Imagem: CBDA/Divulgação

10/07/2020 04h00

O plano do Comitê Olímpico do Brasil (COB) era que, entre ontem (9) e hoje (10), os primeiros entre mais de 200 atletas brasileiros embarcassem para até 45 dias treinando em Portugal, longe dos problemas enfrentados pelo Brasil com a pandemia do novo coronavírus. O projeto, contudo, foi frustrado pelas regras impostas pela União Europeia e, sem poder viajar, a elite do esporte brasileiro teve que se virar.

Com autorização dos governos municipal e estadual do Rio de Janeiro, o COB está preparando a estrutura para a reabertura do Parque Aquático Maria Lenk, onde fica o CT do Time Brasil, mas isso ainda deve tomar duas semanas, por segurança. Diversos atletas que treinam lá não quiseram esperar e encontraram abrigo em estruturas militares, que abriram as portas para recebê-los.

Ana Marcela Cunha, que mora praticamente em frente ao Maria Lenk, postou no Instagram na quarta (8) que estava treinando no CEFAN, da Marinha, ao lado de Allan do Carmo, que ainda busca vaga em Tóquio-2020, e do técnico deles, Fernando Possenti. Mas os maratonistas aquáticos não foram os únicos atletas que têm o CT do COB como casa e que voltaram a treinar utilizando exatamente a piscina do CEFAN.

As três atletas do dueto do nado sincronizado (duas titulares e uma reserva), Luisa Borges, Laura Miccuci e Maria Bruno estão treinando lá desde segunda (6), como contou a própria Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). Andressa Mendes e Isaac Souza, dos saltos ornamentais, e Aline Rodrigues, da natação, também postaram fotos no local nesta semana.

Por se tratar de uma instalação voltada a militares, que exercem atividade essencial e precisam manter a forma física, o CEFAN não foi obrigado a fechar durante a quarentena e abriu suas portas aos poucos para atletas de alto rendimento, sejam eles militares (como Luisa Borges e Ana Marcela Cunha) ou não. Letícia Moraes e Amanda Schott, atletas da Marinha de levantamento de peso, por exemplo, estão treinando no CEFAN ao menos desde o fim do maio, pelo que mostram em postagens no Instagram. A equipe de boxe da Marinha também já treina.

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O mesmo acontece em outra importante instalação esportiva militar do Rio, a Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), na Urca. A judoca Samanta Soares, de São Caetano do Sul (SP), treina lá desde o início de junho. No Instagram, agradeceu ao Exército pela possibilidade de ficar confinada. Ali também têm treinado, entre outros, os boxeadores Patrick Lourenço, Luan Medeiros e Rebeca Lima, e os velocistas Gabriel Constanino e Rosângela Santos, do atletismo. Todos são sargentos do Exército.

O Ministério da Defesa, porém, admite que tem aceitado também que atletas que não são militares treinem na Urca. Na semana passada, a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) publicou no Twitter vídeo em que o pivô Lucas Bebê, que já jogou na NBB, bate bola no ginásio da EsEFEx com outras pessoas, sem máscara.

Ao blog, o Ministério da Defesa disse que "os diversos estabelecimentos das Forças Armadas, observando sempre as diretrizes do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), têm adotado procedimentos compatíveis com suas respectivas atividades" e que qualquer caso suspeito de Covid é prontamente avaliado.

De acordo com o Exército, Lucas Bebê recebeu autorização especial após contatar o comando do EsEFEx, onde ele fez cinco atividades. "Os treinos ocorreram de forma individualizada. A atividade foi realizada em horário e local restrito à utilização do público geral", ressaltou a Defesa.

Poucas opções de treinamento

Uma parcela pequena dos principais atletas olímpicos brasileiros já voltou a treinar. Entre as exceções estão os atletas gaúchos, do Grêmio Náutico União (GNU) e da Sogipa, que estão treinando há dois meses. Pelas regras municipais, eles precisam usar máscaras e não há autorização para que os judocas como Mayra Aguiar, Felipe Kitadai e Maria Portela façam treino de contato.

Nesta semana, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) reabriu seu centro de treinamento em Bragança Paulista (SP), onde a pandemia ainda está em seu estágio mais avançado - a cidade está na 'fase vermelha' do Plano SP. A reabertura vale só para atletas que já residem lá e que, entre outros critérios, estejam entre os 10 primeiros do ranking nacional de suas provas. Solonei Rocha, que correu a maratona na Olimpíada do Rio-2016 e é morador da cidade, foi barrado. Darlan Romani e Geisa Arcanjo estão entre os autorizados.

Na cidade de São Paulo, onde treina a maior parte dos principais atletas brasileiros, os clubes sociais receberam autorização para reabrir, mas ainda sem treinamento. No Pinheiros, por exemplo, as únicas quadras abertas para prática esportiva são as de tênis. No Rio, o Flamengo continua fechado.

O CT Paraolímpico, em São Paulo, reabriu esta semana, mas só quatro nadadores se aventuraram a voltar a treinar. Pelas regras impostas pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), só poderiam retornar, neste momento, atletas com medalhas em Jogos Paraolímpicos ou Mundiais.