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Atletas brasileiros planejam 15 dias no México para poder estudar nos EUA

Mirieli Estaili da Silva Santos, atleta brasileira que estuda nos Estados Unidos - Wagner do Carmo/CBAt
Mirieli Estaili da Silva Santos, atleta brasileira que estuda nos Estados Unidos Imagem: Wagner do Carmo/CBAt

11/07/2020 04h00

Atletas brasileiros que estudam e treinam em universidades dos Estados Unidos estão encontrando dificuldades de retornar àquele país para o início do ano letivo, em agosto. Isso porque desde maio o governo norte-americano proíbe a entrada no país de estrangeiros em trânsito desde o Brasil. Quem quiser fazer essa viagem precisa passar ao menos 14 dias em quarentena em um país "neutro".

Medalhista de prata no Mundial Sub-20 de 2018 no salto triplo, a mato-grossense Mirieli Estaili da Silva Santos é uma das que está encontrando dificuldades para retornar à Mizzou, a Universidade do Missouri, onde estuda desde o ano passado. Para sair de Sorriso (MT) e chegar a Columbia, ela antes vai precisar ficar duas semanas no México ou no Chile.

"Meu plano é ir para o México e ficar com uma colega de equipe que mora lá, e depois ir para os Estados Unidos. Também estou pensando em ir para o Chile com uma brasileira que também estuda em Mizzou, Ficaríamos 15 dias lá e depois iríamos as duas para Miami e depois Columbia", contou ao Olhar Olímpico.

A situação se repete entre os nadadores brasileiros que treinam nos Estados Unidos. Um grupo com três atletas com chances de conseguir vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio está planejando alugar uma casa ou apartamento e ficar duas semanas em Cancun, no México. Duda Sumida (Universidade de Louisville), Gabriel Fantoni e Maria Paula Heitmann (Indiana) devem deixar o Brasil no dia 25.

"Temos que fazer a quarentena antes de entrar nos EUA e quando chegarmos aos EUA, e por isso teríamos que sair do Brasil bem antes de começarem as aulas. Não sabemos muito bem como está a situação no México, mas como temos que fazer quarentena vamos evitar ao máximo ficar saindo", conta Fantoni, que estreou na seleção brasileira adulta no Pan-Pacífico de 2018.

Um outro grupo, com cinco nadadores, vai antes, dia 20, e fará a escala de duas semanas na Cidade do México. São eles Iago Amaral (também de Indiana), Camila Lins (Miam), Yasmin Preusse (Drury), Kayky Mota (Tennesse) e Lucas Lima (Drury).

A questão virou um problema para o esporte brasileiro porque há um número crescente de atletas do Brasil que estudam e treinam em universidades norte-americanas. Alguns nem voltaram ao Brasil quando as aulas foram suspensas, como Ana Giulia Zortea, da Florida State. Outros têm dupla cidadania, como Luiz Gustavo Borges, que tal qual o pai, nada por Michigan.

A preocupação não é apenas com treinamentos. As universidades têm alertado que alunos que não conseguirem entrar nos Estados Unidos podem ser barrados de assistir aulas de forma remota, o que é um grande problema para alunos bolsistas. E não é só isso: o presidente Donald Trump diz que alunos estrangeiros de universidades sem aulas presenciais serão considerados ilegais.

O tema preocupa a corredora Letícia Souza, que disputou os Jogos do Rio no revezamento 4x400m do atletismo. A um semestre de se formar pela universidade de Baylor, no Texas, ela foi informada que terá uma aula presencial de estudo individual, o que seria suficiente para permitir sua continuidade nos EUA. "Mas estou ciente que com a situação do mundo hoje, tudo pode mudar. Estou esperançosa, mas é importante ficar ligada", disse ao Olhar Olímpico. Ela e outros brasileiros que disputam a NCAA no atletismo não voltaram ao Brasil durante a pandemia.

Os Estados Unidos seguem restringindo a entrada de estrangeiros do Brasil, apesar de aquele país ser o recordista mundial de casos de coronavírus. Os EUA já têm mais de 3 mil casos confirmados, com mais de 135 mil mortes. O Brasil tem 1,7 milhão de casos e 70 mil mortes. No México a situação também é grave, com mais de 33 mil mortes.