Concorrentes, empresas de eventos esportivos se unem para superar pandemia
A necessidade de sobrevivência fez com que empresas concorrentes no mercado de eventos esportivos se unissem como nunca durante a pandemia. Enquanto realizar competições segue proibido, empresários têm dedicado seus tempos à criação de duas entidades. A Associação Brasileira de Corridas de Rua e Esportes Outdoor (Abraceo) e a Comissão dos Organizadores de Eventos de Maratona Aquática (Coema) foram criadas nas últimas semanas em movimentos paralelos.
Só a Abraceo já reúne cerca de 120 organizadores de corridas de rua e outros eventos de participação ao ar livre, como triatlo e corridas de montanha. "Já tinha a ideia, a gente sempre falava que precisávamos constituir uma associação que responda pelos organizadores, defenda os interesses comuns, mas nunca ninguém tinha parado para fazer isso. Com a pandemia, a necessidade ficou mais evidente e a gente conseguiu sentar e conversar", conta Paulo Carelli, primeiro presidente da associação, que já está sendo formalizada.
A Coema, que por enquanto não pretende tirar um CNPJ, é formada por organizadores de sete provas diferentes de maratonas aquáticas, concorrentes entre si, entre eles a medalhista olímpica Poliana Okimoto. "Mesmo antes de nos unirmos, a gente já se conhecia e se respeitava, é um mercado pequeno, dividimos o mesmo público praticamente. Sentamos, fizemos uma reunião, entramos em acordo sobre o protocolo e todo mundo aceitou cancelar provas", diz Igor Souza, porta-voz do grupo, que foi supervisor da modalidade na CBDA de 2005 a 2017.
Nos dois casos, a necessidade mais urgente era convencer o poder público a autorizar a realização de eventos. Para isso é preciso apresentar protocolos. Na última terça-feira (21), a Abraceo e a Federação Paulista de Atletismo sentaram-se com o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Eduardo Tuma (PSDB), para apresentar um planejamento.
A ideia é realizar uma "verificação de protocolo" já em agosto. Seria uma prova em ambiente controlado (clube, parque, etc), em que as autoridades públicas municipais e estaduais de São Paulo avaliariam a eficácia do protocolo sugerido, que inclui largadas em "ondas" (apenas um número restrito de pessoas por vez) e higienização de banheiros e vestiários, por exemplo. Se tudo der certo, seria possível fazer provas para poucos participantes já em setembro.
As maratonas aquáticas também já têm um protocolo pronto. Os competidores largariam por faixa etária, separados na areia por um metro, pelo menos, e teriam que nadar 400 metros (ante tradicionais 100m a 150m) até a primeira boia, para antecipar para antes da primeira curva a chamada "linguiça", quando um nadador fica atrás do outro, e não lado a lado. Entre outras várias medidas, também seriam abolidos, durante a pandemia, os pódios e outros momentos de interação social das provas.
Igor Souza, porém, sabe que é preciso que os atletas também estejam dispostos a voltar a competir. "Por mais que a gente queira voltar, muitos atletas têm medo de aglomeração. Não adianta forçar a barra se os atletas não estão confiantes", diz ele. Os organizadores aceitaram montar um calendário conjunto em que cada um cede um pouco e todo mundo consegue realizar ao menos duas provas a partir de outubro. Se a autorização vier antes, melhor. "Se vier depois, paciência. Cada um faz uma."
O Centro de Contingência do governo de São Paulo autorizou, por enquanto, protocolos da primeira divisão do futebol masculino, do automobilismo, do motociclismo, do futebol feminino da Série A2 do futebol masculino - esses dois últimos, a partir de ontem (22). Estão em análise protocolos do judô, do taekwondo, do golfe, das corridas de rua e do NBB.
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