Partidos já apostaram mais de R$ 1 milhão em candidaturas de Marcelinho
Com Adriano Wiilkson, do UOL Esporte
Marcelinho Carioca, que recentemente se filiou ao PSL com a promessa de ter dinheiro de cabeça de chapa para tentar a Câmara Municipal de São Paulo, já recebeu mais de R$ 1 milhão dos comitês dos partidos nos quais militou (PSB, PT, Podemos e PRB - atual Republicanos) em candidaturas anteriores, todas mal sucedidas. Verba de campanha foi fundamental para que o ex-jogador aceitasse a proposta do partido para concorrer às eleições de 2020.
Em 2012, por exemplo, quando também foi candidato a vereador em São Paulo, na época pelo PSB, gastou R$ 396 mil na campanha. O valor é equivalente a atuais R$ 600 mil, quando é feita a correção da inflação pelo IPCA. É exatamente esse o valor que teria sido prometido pelo PSL de Joice Hasselmann para a candidatura dele nas eleições de novembro, de acordo com uma pessoa que soube da negociação.
Há oito anos, o valor deixou Marcelinho longe de se eleger. Na época, o PSB, que se coligou com PT e PP, apostou em cinco candidatos para a Câmara Municipal: Eliseu Gabriel, Noemi Nonato, Juscelino Gadelha (que tentavam a reeleição), Masataka Ota e Marcelinho Carioca. O ex-jogador recebeu R$ 270 mil dos comitês do partido e, entre os cinco, foi o menos votado. Considerando também o arrecadado com doadores diretos, cada um dos seus 19.729 votos custou R$ 20. Valor mais alto do que de Ota (R$ 5), Nonato (R$ 17) e Gabriel (R$ 18).
Essa conta é importante porque o meio político sabe que, tradicionalmente, a regra é haver uma relação direta entre quanto se investe em uma candidatura e quantos votos ela proporciona. Os bons candidatos são aqueles que precisam de menos dinheiro para atrair mais votos para o partido conseguir cadeiras no legislativo. Figuras famosas, como Marcelinho, costumam se dar bem assim, uma vez que já são conhecidas do eleitor.
Acreditando no potencial do ex-jogador, o PSB investiu R$ 154 mil na campanha de Marcelinho a deputado federal em 2010 (de um total de R$ 325 mil gastos na campanha) e o PT colocou R$ 380 mil na candidatura dele a deputado estadual em 2014 (de um total de R$ 408 mil). Nas duas ocasiões ele não conseguiu se eleger, mas, na primeira, ficou com segundo suplemente e assumiu mandato durante os últimos 28 dias da legislatura, durante o recesso da Câmara dos Deputados. Para a história, é um ex-deputado federal.
Marcelinho voltou a tentar a Câmara Municipal de São Paulo em 2016, pelo PRB, que naquele ano concentrou os esforços financeiros na campanha de Celso Russomano a prefeito. Marcelinho recebeu R$ 16 mil do partido e, diferente dos colegas de chapa, não colocou dinheiro do bolso ou arrecadou doações expressivas. Com 12,6 mil votos, foi o sexto mais votado do partido, que conseguiu quatro cadeiras no legislativo paulistano.
Dois anos depois, ele teria bom apoio financeiro do Podemos para tentar uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo, inclusive recebendo o número de urna tido como o mais fácil de se memorizar: 19000. Dos R$ 220 mil investidos na sua candidatura, R$ 208 mil vieram do Podemos. Com 28.487 votos, Marcelinho foi só o nono mais votado do partido, mesmo sendo o sétimo que mais recebeu recursos dos comitês financeiros. O partido elegeu quatro deputados, dos quais dois gastaram menos do que Marcelinho.
Em cinco candidaturas, Marcelinho soma quase 167 mil votos. Suas votações têm sido decrescentes. Recebeu 62 mil votos para deputado federal em 2010, 43 mil votos para estadual em 2014 e 28 mil para o mesmo cargo em 2018. Para vereador, teve 19 mil votos em 2012 e 12 mil em 2016. Há dois anos, como candidato a deputado estadual, recebeu 11 mil votos na cidade de São Paulo.
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