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Olhar Olímpico

Confederação processa o COB para suspender eleição de atletas

20/08/2020 15h07

A Confederação Brasileira de Skate (CBSk) entrou na Justiça contra o Comitê Olímpico do Brasil (COB) para que seja adiada até 2021 a eleição para escolher os 25 membros da Comissão de Atletas do COB, conhecida pela sigla CACOB. A votação começa já na próxima segunda-feira (24).

O pedido de tutela de urgência foi apresentado pela CBSk contra o COB e contra o presidente da CACOB, o ex-judoca Tiago Camilo, e "imediata suspensão" da votação, que deve seguir até o próximo dia 28, online. No total, 65 atletas olímpicos apresentaram candidatura a 11 vagas reservadas a atletas que participaram de uma das últimas duas edições dos Jogos Olímpicos de Verão ou de Inverno e três para atletas que competiram antes de Londres-2012.

Antes de procurar a Justiça do Rio de Janeiro, onde fica a sede do COB, a CBSk enviou uma carta aberta à Comissão de Atletas pedindo que a eleição fosse adiada. O estatuto do COB prevê que a eleição ocorra sempre durante os Jogos Olímpicos de Verão (logo, durante a Olimpíada de Tóquio) ao mesmo tempo em que define que ela deve ocorrer a cada quatro anos. A última foi em 2016, no Rio.

A contradição foi resolvida pela CACOB, cuja maioria dos membros, atletas olímpicos em 2012 e 2016, concorre à reeleição. Ainda que o Comitê Olímpico Internacional (COI) tenha adiado a eleição da sua comissão para o ano que vem, para continuar coincidindo com os Jogos, no Brasil a CACOB optou por manter o pleito para 2020.

Mas essa decisão exclui da eleição todos os atletas que participariam dos Jogos no ano que vem. Por estatuto, têm direito a voto e a ser votados os atletas que foram às duas edições anteriores (Londres e Rio, neste caso) e os atletas da atual edição. Se o pleito acontecer durante os Jogos de Tóquio, essa geração de atletas poderá votar. Se acontecer agora, não poderá, beneficiando atletas mais velhos.

O assunto é especialmente caro ao skate porque a modalidade estreia nos Jogos Olímpicos em Tóquio. Assim, com a eleição agora, nenhum skatista poderá votar ou ser votado. "Os requeridos não só alijaram os skatistas do pleito, como também aplicaram um ippon em todos os demais atletas das novas modalidades e nos estreantes em Olimpíadas em geral", diz a petição assinada pela advogada Gisele Pazzini. O "ippon" parece ser referência ao fato de que tanto Paulo Wanderley quanto Tiago Camilo são ligados à modalidade. Camilo não concorre à reeleição.

Eduardo Musa, antigo empresário da família de Neymar, é o atual presidente da CBSk, depois de ter sido eleito como vice na chapa de Bob Burnquist, que renunciou. Ele está no grupo de oposição a Paulo Wanderley na eleição para a presidência do COB, que vai acontecer em novembro, no mesmo grupo que Alaor Azevedo, do tênis de mesa, citado na petição por também ter entrado na Justiça contra uma eleição do COB em 2016. "Não é a primeira vez que se verifica desvio de finalidade nos processos eleitorais do COB", lembra a ação.

O COB se posicionou na nota abaixo:

Foi com surpresa e estranhamento que o COB recebeu a notícia de que a Confederação Brasileira de Skate (CBSk) ingressou com ação perante o Judiciário com a intenção de suspender a realização das eleições para os novos integrantes da Comissão de Atletas do COB (Cacob).

O Comitê reafirma que a Cacob é um órgão com plena autonomia e tem liberdade para exercer suas atribuições através da participação direta dos atletas olímpicos que a integram. Confrontar e tentar impugnar na Justiça a decisão colegiada e soberana dos nossos ídolos olímpicos não nos parece o melhor caminho para a discussão das regras de escolha dos seus representantes.

Além disso a CBSK, através de seu presidente, aprovou o novo estatuto do COB, onde se compromete a submeter as disputas a um órgão arbitral, o que exclui a possibilidade de discussão do tema perante a Justiça.

O COB também refuta com veemência a afirmação contida na ação de que os processos eleitorais do comitê têm "desvios de finalidade". Esta gestão, em particular, tem trabalhado desde o início para democratizar ainda mais o COB, aumentando a participação de atletas no colégio eleitoral de 1 para 12 e, a partir do próximo ano, de 12 para 19, eliminando as exigências para que qualquer pessoa possa se apresentar como candidato a um cargo no Movimento Olímpico. Não à toa, provavelmente neste ano teremos pela primeira vez desde 1989 uma eleição com mais de um candidato para a presidência da entidade. O COB espera que a manifestação da CBSk não represente o pensamento dos atletas da modalidade, que sempre foram apoiados e acolhidos com distinção, respeito e cordialidade.