Ginástica cobra Pinheiros após denúncias de assédio e racismo
A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) cobrou explicações do Esporte Clube Pinheiros após a revelação de que uma auditoria interna do clube realizada no ano passado ouviu relatos de racismo, de assédio moral e de maus-tratos contra atletas pinheirenses por parte de treinadores dentro do ginásio do clube.
Os relatos foram expostos em reportagem do Esporte Espetacular na manhã de ontem (23), mas só hoje a CBG se pronunciou, em nota à imprensa. Nela, a confederação diz que "não tolera e repudia todo e qualquer tipo de assédio e de preconceito" e que "solicitou esclarecimentos ao Esporte Clube Pinheiros quanto aos fatos relatados para análise e medidas cabíveis". A entidade teve a imagem manchada pelo escândalo de assédio sexual por parte de Fernando de Carvalho Lopes, de São Bernardo, caso que estourou em 2018, e teme perder o patrocínio da Caixa, que vence no final do ano.
Desta vez, cinco técnicos são acusados pela auditoria por maus-tratos: Hilton Dichelli, Cristiano Albino, Lourenço Ritli, e, em menor grau Felipe Polaco e Danilo Bornea. Eles admitiram "gritar para garantir a execução dos movimentos" e, à auditoria, confirmaram que as cobranças aos atletas militantes eram "bem mais intensa do que aos atletas associados". Albino é um dos principais técnicos do país, apontado como o responsável pelo sucesso de Arthur Nory (medalhista olímpico e campeão mundial) e Chico Barretto (finalista olímpico e mundial).
O Pinheiros não autorizou que os treinadores concedessem entrevistas para a reportagem do Esporte Espetacular e deve se reunir com eles na tarde de hoje (24) para decidir o que fazer depois das denúncias. Nas redes sociais do Pinheiros, há intensa cobrança por medidas contra os maus-tratos e o racismo.
Internamente, o relatório é atribuído a uma pessoa da atual diretoria do clube e que teria interesse em assumir o comando da ginástica artística no lugar de Raimundo Blanco, que comanda a modalidade no Pinheiros há quase duas décadas. Apesar de todos os achados da auditoria, a conclusão do documento é que "ficou evidente que houve movimentos direcionados para arranhar a imagem da modalidade ao relatar somente fatos que trouxessem a ótica negativa". Ninguém foi punido e um atleta que reclamava de racismo no clube, Ângelo Assumpção, foi demitido, já pela atual diretoria, comandada por Ivan Cataldi.
A reportagem apurou que Arthur Nory, que estava entre os ginastas da seleção que fez ofensas raciais contra Ângelo em 2015, intercedeu a favor do colega no ano passado para que a diretoria não o demitisse, sem sucesso. Os dois nunca mais foram amigos depois do episódio de cinco anos atrás, mas chegaram a fazer as pazes.
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