Após denúncia, Pinheiros lança campanha "Tolerância Zero" sem citar racismo
Após demitir um ginasta negro e um relatório interno apontar casos de racismo e de maus-tratos, o Pinheiros anunciou o lançamento de uma campanha "de combate à intolerância". A novidade é apresentada como reportagem principal da revista interna do clube, publicada ontem (2). Não há nenhuma citação ao combate ao racismo, apenas à diversidade de "etnia, gênero e opinião".
No final de semana retrasado, uma reportagem do Esporte Espetacular tornou pública uma auditoria interna do Pinheiros sobre a ginástica artística que ouviu de diversos atletas relatos de maus-tratos e racismo. A mesma matéria também tratou da demissão do ginasta Ângelo Assumpção, que foi suspenso e, em seguida, demitido, depois de levar uma queixa à diretoria. Ele reclama que era alvo de racismo no ginásio.
O Pinheiros respondeu a reportagem da Globo negando que a demissão tenha ocorrido por racismo, mas, depois da veiculação da reportagem, o clube não tratou mais do assunto. Criticado nas redes sociais, desativou a opção de comentários no Instagram, por exemplo.
A resposta veio agora, pela revista interna. Ali, o clube não cita o caso da ginástica, mas diz que, "dando continuidade aos trabalhos desenvolvidos contra qualquer discriminação, vai criar o Comitê de Diversidade". "O grupo será formado por associados, atletas e funcionários, garantindo a representatividade de todos os frequentadores", diz a revista.
"A comissão terá a missão de desenvolver medidas para combater qualquer tipo de preconceito dentro dos muros pinheirenses, avaliando o ambiente de inclusão e diversidade do Clube e promovendo ações afirmativas que garantam um espaço harmônico e de respeito entre os frequentadores", continua o Pinheiros. A primeira campanha vai se chamar "Tolerância Zero".
Em nenhum momento o Pinheiros fala em combate ao racismo. De acordo como clube, a discussão é para tornar o clube um espaço cada vez mais plural e democrático "respeitando pessoas com diferentes trajetórias - etnia, gênero e opinião, entre outros".
Após a publicação desta reportagem, o Pinheiros enviou nota se dizendo 'antirracista'. "O projeto do clube — Tolerância Zero — tem o intuito de prevenir e erradicar qualquer ato discriminatório. Somos antirracistas, apoiamos a diversidade no nosso quadro de colaboradores, atletas, e todos que frequentam o pinheiros. A nossa revista de Novembro de 2019 mostra todo o nosso projeto de inclusão, e está disponível para qualquer pessoa no site do Pinheiros", diz a nota.
O que diz a matéria do Pinheiros:
"O Esporte Clube Pinheiros, dando continuidade aos trabalhos desenvolvidos contra qualquer discriminação, vai criar o Comitê de Diversidade. O grupo será formado por associados, atletas e funcionários, garantindo a representatividade de todos os frequentadores.
A comissão terá a missão de desenvolver medidas para combater qualquer tipo de preconceito dentro dos muros pinheirenses, avaliando o ambiente de inclusão e diversidade do Clube e promovendo ações afirmativas que garantam um espaço harmônico e de respeito entre os frequentadores.
Para funcionários e atletas, o Comitê de Diversidade vai direcionar políticas internas que garantam os critérios de seleção, avaliação e promoção livres de vieses. O recebimento e a deliberação de medidas a serem aplicadas para as denúncias apuradas que envolvam qualquer tipo de discriminação também são tarefa do grupo.
Caberá ao grupo realizar campanhas de conscientização para construção da cultura de inclusão e respeito à diversidade no público. E uma de suas primeiras ações será a campanha Tolerância Zero. O grupo contará, também, com uma assessoria técnica e um grupo de apoio.
INICIATIVAS INSPIRADORAS A criação do Comitê de Diversidade não é a primeira ação do Clube em relação ao combate ao preconceito. Desde 2019, quando foi lançado o Pinheiros Inclui, o ECP vem promovendo a igualdade, garantindo a diversidade e a inclusão no Clube e, consequentemente, fora dele.
O Linha Ética, canal de denúncias administrado pela empresa kpmg, é outro projeto criado para combater o preconceito, que recebe comentários informando condutas inadequadas no Clube, ampliando o compromisso com a governança e a ética. O serviço é pautado em três diretrizes: a manifestação segura e confiável ao denunciante, a condução e apuração dos relatos recebidos de forma efetiva, preservando todos os envolvidos, e a política de ajuste e monitoramento.
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