Dirigente suspenso por assédio se declara presidente do handebol; COB veta
O vice-presidente eleito da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), Ricardo Souza, o Ricardinho, enviou ofício ontem (14) às federações para informar que é o novo presidente da confederação. Mas nem seu antecessor, Manoel Oliveira, deixou o cargo, nem ele pode ter qualquer função no esporte olímpico, uma vez que está suspenso pelo Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (COB).
A suspensão foi revelada pelo Olhar Olímpico no dia 28 de agosto, quando o Conselho de Ética julgou uma denúncia anônima de que Ricardinho, então ocupando a presidência da CBHb, cometeu assédio sexual e moral contra uma funcionária durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, no ano passado. Mas, para manter o sigilo do caso, o COB na ocasião só tornou público que havia deferido uma denúncia contra Ricardinho, sem detalhar a suspensão e a razão.
Se valendo dessa falta de publicidade da suspensão, Ricardinho assumiu a CBHb ontem, alegando que o presidente eleito, Manoel Oliveira, de quem era aliado e hoje é opositor, foi afastado do cargo pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5). De fato a Justiça determinou o afastamento na última quinta-feira (10), mas a confederação não foi notificada judicialmente. Assim, a posse de Ricardinho como presidente não é reconhecida nem pelo presidente supostamente deposto nem pelo Conselho de Administração.
Como entidade autônoma, a CBHb pode dar posse para Ricardinho. Mas, no entender do Conselho de Ética do COB, isso faria a confederação ser suspensa do movimento olímpico. O órgão deixou isso claro ao publicar hoje (15) a decisão de duas semanas atrás, relativa à acusação de assédio, alegando que o cartola "violou a decisão que lhe foi desfavorável".
"Visando proteger a parte vítima de exposição pública, este Conselho de Ética determinou manter-se a integralidade da decisão sob sigilo. Entretanto, em face da flagrante violação da parte representada no âmbito do Movimento Olímpico ao assumir a presidência da Confederação Brasileira de Handebol, determina-se a publicação da parte da decisão que trata das sanções", diz o documento do Conselho de Ética.
Como publicado pelo Olhar Olímpico, Ricardinho foi condenado por "atos de assédio moral e sexual em face da parte vítima", que no processo é nominada, mas seguirá tendo seu nome preservado pela reportagem. "Fica a parte representada submetida a imediata suspensão e impossibilidade temporária, pelo prazo de dois anos, do exercício de quaisquer funções junto ao COB e Confederações Olímpicas, devendo a parte representada afastar-se da Confederação Brasileira de Handebol, inclusive proibindo-o de exercer qualquer função em todo o sistema olímpico, incluindo-se as Federações filiadas as Confederações Olímpicas", diz a decisão. Ricardinho recorreu à Justiça Comum, mas não houve nenhuma decisão até aqui.
A CBHb corre sério risco de ficar acéfala. Manoel foi afastado por decisão judicial, por conta das denúncias de desvios no uso de dinheiro público no Mundial de 2011, Ricardinho está suspenso por assédio sexual e moral, e o segundo vice-presidente, Jefferson Oliveira, seria o próximo da lista. Mas ele é presidente do Rio Negro, clube de Manaus, e para assumir a CBHb por poucos meses (o mandato termina em março) teria que renunciar ao cargo no futebol. A tendência é ele não fazer isso.
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