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CBV repudia fala contra Bolsonaro: "Denigre a imagem do esporte"

Talita e Carol Solberg - Divulgação
Talita e Carol Solberg Imagem: Divulgação

20/09/2020 19h15

A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) ficou bastante descontente com a fala da jogadora de vôlei de praia Carol Solberg, que, após vencer a decisão do terceiro lugar na etapa de Saquarema (RJ) do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, soltou um "fora, Bolsonaro" durante a transmissão do SporTV. A fala repercutiu bastante nas redes sociais.

Em nota, a CBV se colocou de forma "veemente" contra "a utilização dos eventos organizados pela entidade para realização de quaisquer manifestações de cunho político", ressaltando que a fala de Carol "em nada condiz com a atitude ética que os atletas devem sempre zelar".

No comunicado publicado no site da entidade, a CBV disse que a etapa, que marcou a volta do vôlei de praia brasileiro em meio à pandemia, foi "manchada por um ato totalmente impensado praticado pela referida atleta". A confederação continuou, destacando que "tomará todas as medidas cabíveis para que fatos como esses, que denigrem a imagem do esporte, não voltem mais a ser praticados".

O termo "denegrir", usado pela CBV, é tido como racista. De acordo com o dicionário Michaelis, a palavra significa "tornar negro" ou "difamar". A expressão é ofensiva porque considera algo negro como negativo.

Ao Olhar Olímpico, Carol explicou a decisão de se posicionar: "O 'fora, Bolsonaro' está engasgado aqui na garganta. Ver esse desgoverno dessa forma, ver o pantanal queimando, 140 mil mortes e a gente encarando a pandemia desse jeito. É isso. Tá engasgado esse grito. E me sinto, como atleta, na obrigação de me posicionar", disse.

Há dois anos, a modalidade também foi palco de um ato político de grande visibilidade. Na ocasião, dois jogadores da seleção masculina, Wallace e Maurício Souza, fizeram o número 17 com as mãos em uma foto após vitória da equipe pelo Mundial. A CBV, naquele momento, defendeu a liberdade de expressão.

"A CBV repudia qualquer tipo de manifestação discriminatória, seja em qualquer esfera, e também não compactua com manifestação política. Porém, a entidade acredita na liberdade de expressão e, por isso, não se permite controlar as redes sociais pessoais dos atletas, componentes das comissões técnicas e funcionários da casa. Neste momento, a gestão da seleção irá tomar providências para não permitir que aconteçam manifestações coletivas", disse a entidade na ocasião.

A fala de Carol Solberg ganhou repercussão porque o jogo que valia o terceiro lugar na etapa de abertura da temporada brasileira do vôlei de praia foi transmitido pelo SporTV. É tradição que, após as partidas, as jogadoras agradeçam ao público com o microfone ligado no sistema do som da arena. Como não havia torcida no local, a mensagem foi passada pela transmissão.

O Banco do Brasil é, há muitos anos, o patrocinador máster do vôlei brasileiro, em um contrato que termina no final do ano. Existe um temor muito grande que esse contrato, que já sofreu grande redução no último ciclo olímpico, não seja renovado. Pelo mesmo medo passam as confederações de atletismo e ginástica, patrocinadas pela Caixa. Já no governo Jair Bolsonaro (sem partido) os Correios deixaram de renovar o suporte aos esportes aquáticos, ao tênis e ao handebol.

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