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Campanha contra Carol pede cancelamento de patrocínio que não existe

Talita e Carol Solberg - Divulgação
Talita e Carol Solberg Imagem: Divulgação

21/09/2020 04h00

Com um top amarelo com o símbolo do Banco do Brasil, Carol Solberg pegou o microfone e gritou: "Fora, Bolsonaro", ao vivo pelo SporTV. O vídeo, transmitido ontem (20) cedo, viralizou nas redes sociais. Em perfis que fazem oposição ao governo Jair Bolsonaro (sem partido), a fala ganhou respaldo. Já em perfis bolsonaristas, o tom foi de clamor pelo fim do patrocínio do banco estatal à jogadora.

Isso não será possível porque não existe qualquer patrocínio do Banco do Brasil à Carol. Ela usava um top com a marca do banco estatal porque, no Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, como é usual na modalidade, a parte de cima do uniforme é fornecido pelo organizador (no caso, a Confederação Brasileira de Vôlei) e de uso obrigatório para as duplas. Em Saquarema (RJ), foram distribuídos modelos nas cores amarelo, branco, azul, verde e dourado.

Se o top é padronizado, com os patrocinadores do torneio, o resto da vestimenta pode receber patrocinadores privados. Aí entram a parte de baixo do biquíni, a viseira e as faixas no braço. Carol só exibe um patrocinador pessoal: o isotônico natural e orgânico Jungle. Sua atual parceira, Talita, é sargento no Exército e apoiada pelo Bolsa Atleta. Carol, não.

O Banco do Brasil patrocina a Confederação Brasileira de Vôlei desde 1991, no governo Fernando Collor, e foi renovado por outros seis presidentes: Itamar Franco, FHC, Lula, Dilma e Temer. O contrato mais recente foi firmado em 2016, durante o governo Temer, com reserva de R$ 218 milhões por quatro anos de um acordo que termina ao final deste ano. Existe um temor grande, nos bastidores, que o contrato não seja renovado.

Paralelamente, o Banco do Brasil tem a tradição de patrocinar as duas melhores jogadores de vôlei de praia do país, a partir de critérios do próprio banco. No final de 2018, por exemplo, foram firmados contratos com Alison (R$ 232 mil por nove meses), André Stein (R$ 145 mil por 12 meses), Ágatha (R$ 265 mil por 12 meses), Duda (R$ 150 mil por 12 meses), Evandro, Vitor Felipe, Bárbara Seixas, Fernanda Berti (R$ 224 mil por 12 meses, cada). Atualmente, são patrocinadas, no feminino, as duplas Ágatha/Duda e Ana Patrícia/Rebecca.

Além disso, o Banco do Brasil tem contratos individuais com seus "embaixadores do esporte", usualmente campeões olímpicos, que recebem um valor mensal para terem suas imagens ligadas ao banco, em troca de participação em alguns eventos. No final de 2018, por exemplo, Emanuel, Virna e Marcelo Negrão firmaram contratos de R$ 181 mil cada — o contrato de Emanuel foi rompido em fevereiro, quando ele foi para o governo. Fofão, Sandra Pires, Gustavo, Fabi e André Heller também eram contratados.

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