CEO do rúgbi deixa cargo após repercussão de falas machistas e homofóbicas
Eric Romano ficou menos de 12 horas como CEO da Confederação Brasileira de Rúgbi (CBRu). Falas machistas, homofóbicas e gordofóbicas postadas por ele nas redes sociais repercutiram depois do anúncio e ele se viu pressionado a sair. Oficialmente, ele pediu demissão. No começo da tarde, após reportagem do Olhar Olímpico, ele chegou a pedir desculpas "a quem tiver se sentido ofendido". A CBRu é presidida por Eduardo Mufarej, líder do movimento político RenovaBR.
"O feminismo é um mal a ser combatido. Mulheres e crianças são instrumentalizadas, tornando-se depressivas e frustradas. Homens fracos se tornam emaculado se perdem sua função na sociedade. A família se desfaz e a sociedade vira um caos", escreveu ele em stories no Instagram, no dia 2 de fevereiro, pelo perfil @ericromano_, deletado depois que as mensagens começaram a circular. Ele reativou a conta hoje (22) à tarde para pedir desculpas, mas manteve o acesso ao perfil restrito a amigos.
Em outra postagem, essa no Facebook, num grupo da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Eric publicou um gráfico comparando o peso de uma mulher com a "chance de ser feminista". "Bom dia, amigos. Estou concluindo meu TCC e preciso de uma ajuda para embasar minha tese. Gostaria de saber o peso das pessoas que não gostaram do post", escreveu. O post é do dia 21 de maio de 2016.
Também no Facebook, Eric comentou uma postagem do perfil do canal History sobre os 30 anos da decisão da OMS de retirar a homossexualidade da classificação internacional de doenças dizendo: "Opinião e sentimentos acima da ciência. Tá certo". O comentário foi feito em 17 de maio deste ano, printado e comentado em grupos feministas. O Olhar Olímpico não encontrou a mensagem hoje.
Procurada pelo Olhar Olímpico, a CBRu disse que contratou Romano "pela sua capacidade e potencial" e que, ao tomar conhecimento dos posts, procurou o contratado. "Eric desculpou-se publicamente por condutas do passado, asseverou e garantiu não ter qualquer viés homofóbico, machista ou de qualquer outra forma preconceituoso ou de segregação, e afirmou ter aprendido, no rúgbi e pelo amadurecimento, que o respeito à igualdade é inegociável", disse a confederação num primeiro momento, antes da publicação desta reportagem.
Mas, tanto a reportagem quanto os prints continuaram circulando entre atletas e fãs da modalidade. Uma reunião do Conselho de Administração foi convocada para acontecer à noite. Não deu tempo. No final da tarde, a CBRu anunciou a saída do CEO. "Romano reconheceu as críticas recebidas, reforçou o fato de serem as posturas relatadas parte de um passado do qual não se orgulha, e deixou o cargo", disse a confederação.
A CBRu ainda explicou que escolheu Eric "a partir de exame de suas credenciais profissionais, em procedimento competitivo igualitário". O processo seletivo contou com suporte de uma "empresa especializada em processos seletivos para cargos executivos", mas "orientações e posicionamentos pessoais não foram escrutinados pela CBRu em respeito à privacidade e individualidade de cada um"
A contratação de Eric foi chancelada pelo Conselho de Administração da CBRu, presidido por Eduardo Mufarej, que também é fundador do movimento político RenovaBR. "Os processos de sucessão são essenciais para viabilizar o avanço das atividades da confederação, as pessoas vão e a entidade permanece", disse o dirigente, em declaração publicada no site da CBRu.
O rúgbi brasileiro é muito mais forte no feminino do que no masculino. Enquanto elas estão classificadas para a Olimpíada de Tóquio, eles sequer conseguiram vaga para a segunda divisão do mundial de rúgbi sevens, a versão olímpica. No rúgbi XV, tradicional, a seleção masculina nunca chegou perto da Copa do Mundo. Mesmo assim, na Comissão de Administração são nove homens e apenas três mulheres — uma dela, por cota de atletas mulheres. O conselho consultivo tem oito pessoas, todos homens.
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