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Maratona atípica em Londres tem chegada emocionante e Kipchoge falível

Shura Kitata comemora vitória na Maratona de Londres - Richard Heathcote / POOL / AFP
Shura Kitata comemora vitória na Maratona de Londres Imagem: Richard Heathcote / POOL / AFP

04/10/2020 09h17

O mais imbatível dos atletas da atualidade foi batido hoje (4) na mais atípica das maratonas. O recordista mundial Eliud Kipchoge sentiu dores no ouvido, depois no quadril, e depois câimbras, e foi apenas o oitavo colocado de uma Maratona de Londres disputada apenas por atletas de elite, em um pequeno circuito fechado dentro do parque St James. Numa prova lenta e fria, a vitória ficou com o etíope Shura Kitata, em uma chegada muito emocionante.

Essa foi apenas a segunda vez na vida que Kipchoge não venceu uma maratona. O campeão olímpico de 2016 — e que anunciou que vai correr, sim, em Tóquio, no ano que vem — estreou na prova mais tradicional do atletismo em Hamburgo (Alemanha),em 2013, com vitória. Foi segundo em Berlim (Alemanha) naquele mesmo ano, atrás do recorde mundial de Wilson Kipsang, e depois só venceu. Na estante de casa ele tem quatro taças de Londres, três de Berlim, uma de Chicago e uma de Roterdã (Holanda).

Isso sem contar a vitória na prova experimental na qual tentou, e conseguiu, ser o primeiro homem a correr uma maratona abaixo de duas horas, no ano passado. Com um currículo desses, Kipchoge era o favoritíssimo para vencer a primeira maratona internacional realizada desde março. Até porque, aquele que deveria ser seu maior rival, o etíope Kenenisa Bekele, anunciou na sexta que está machucado e não poderia correr.

Mas a Maratona de Londres de 2020 seria mesma atípica. Fazia muito frio na capital britânica e chovia. Os coelhos, entre eles Mo Farah, conduziram uma prova mais lenta e, após 35 quilômetros, o pelotão tinha ainda 10 atletas, entre eles Kipchoge. Mas o queniano ficou pelo caminho para que os etíopes Shura Kitata e Sisay Lemma o queniano Vincent Kipchumba chegassem à reta de chegada empatados.

Em uma chegada emocionante, com os três tocando de posição, quem completou em primeiro foi o jovem Kitata, de 24 anos, prata em Nova York e em Londres em 2018, atleta da Nike. Ele foi seguido por Kipchumba, único que corria com o novo tênis tecnológico da Adidas — as duas marcas travam batalha pelo tênis mais rápido. Lemma foi o terceiro. Os tempos foram lentos: 2h05min41s para o vencedor, a um segundo do segundo colocado e quatro do terceiro.

Kipchoge acabou apenas na oitava colocação, com 2h06min49s, depois de cinco etíopes e dois quenianos. Foi a maratona mais lenta dele, tirando a olímpica, que teve um percurso bem mais duro. Também foi o pior resultado internacional dele em provas oficiais, em qualquer distância, desde 2012, quando ainda corrida na pista.

No feminino, a vitória ficou com a queniana Brigid Kosgei, recordista mundial, que venceu Londres pelo segundo ano consecutivo, com o tempo de 2h18min58s. A atleta, que venceu a São Silvestre do ano passado, praticamente não teve adversárias. A segunda colocada, a norte-americana Sara Hall, chegou três minutos depois. A queniana Ruth Chepngetich, atual campeã mundial, foi terceira.

Como a Maratona de Londres foi restrita à elite, inclusive sem a presença de público — exceto totens impressos, iguais os que estão presentes nos estádios —, aos amadores foi sugerido que eles corram a maratona sozinhos, onde desejarem, enviando o resultado à organização.