Paulo Wanderley segue na presidência do COB; atletas definiram reeleição
Paulo Wanderley Teixeira, 70, foi eleito hoje (7) para mais um mandato no Comitê Olímpico do Brasil (COB). A votação foi decidida já no primeiro turno, com o atual presidente recebendo a maioria dos votos. Foram 26 de 48 votos para ele, contra dois de Hélio Cardoso Meirelles, do pentatlo moderno, e 20 para Rafael Westrupp. Marco La Porta, do triatlo, continua como vice-presidente e foi fundamental para o voto dos atletas. A vitória mesmo sem autocrítica sobre seu primeiro mandato, como ele demonstrou nesta entrevista ao Olhar Olímpico, publicada ontem.
A Comissão de Atletas, que teve 12 votos e diz ter votado em bloco, acabou decidindo a eleição. Até a véspera, Paulo tinha somente 19 votos, correndo o sério risco de sofrer traições. Assim, ao menos seis votos de atletas acabaram na conta do atual presidente. Além de 12 atletas, também votaram os dois membros brasileiros do Comitê Olímpico Internacional e 34 confederações. A de handebol, que vive discussão judicial sobre quem é seu presidente, não votou para não permitir que o resultado acabasse na Justiça.
Técnico de Rogério Sampaio nos anos 1980 e 1990, Paulo Wanderley fez carreira no judô, onde foi presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ). Potiguar radicado no Espírito Santo, viu a modalidade, sob sua gestão, se tornar o "carro-chefe" de medalhas do esporte olímpico brasileiro.
Líder entre os presidentes de confederação, foi o escolhido por elas para ser o vice-presidente do COB quando Carlos Arthur Nuzman foi reeleito, por aclamação, em 2016. Na ocasião, Nuzman não teve oposição porque o estatuto do COB exigia que, antes da Olimpíada, dez confederações chancelassem uma chapa de oposição, o que naturalmente não ocorreu. O grupo que naquela época reclamou não conseguir concorrer participou dessa eleição com Hélio Meirelles como candidato. Ele, porém, só teve dois votos. Provavelmente, dele e da confederação de tiro. Seus outros três aliados pularam do barco.
Nuzman não chegou a completar um ano de mandato, renunciando depois de ser preso no âmbito da Lava Jata. Paulo Wanderley assumiu com posturas amplamente elogiadas, propondo uma ampla revisão no estatuto, que permitiu que, em 2020, três candidatos se lançassem contra ele e a votação fosse decidida pelos atletas, que passaram a ter direito a 12 votos — antes, tinham um só. Seu principal adversário, Rafael Westrupp, foi contra o aumento no número de atletas e isso pesou na decisão na decisão dos atletas de não optarem pelo "novo".
As primeiras medidas de Paulo Wanderley, elogiadas, foram ficando no passado à medida que sua gestão ia avançando e Paulo Wanderley passou a ser bastante criticado internamente por falta de transparência, por uma postura arrogante e autoritária, e por um escândalo, até hoje mal explicado, na área de TI, com contratação de diversas empresas do Espírito Santo. Tudo isso somado fez com que sua base de sustentação ficasse menor e mais fraca.
Mesmo assim, ele chegou ao processo eleitoral com voto prometido de 22 confederações, que foram se afastando com o passar do tempo. Na véspera da votação, havia grande temor por traições na urna, já que o voto é secreto. Se elas existiram, foram abafadas pelo voto dos atletas.
A votação começou pouco depois das 10 horas, com algumas ausências. Mauro Silva, presidente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), testou positivo para Covid ontem (6) à noite, depois de participar de jantar com Paulo Wanderley e seu grupo político. Ao menos 15 confederações estiveram presentes. Mauro foi isolado e conseguiu que seu vice viajasse ao Rio a tempo para votar, enquanto ele permanece isolado no quarto de hotel. Mas ninguém que esteve com ele foi colocado em quarentena.
Outros presidentes também não apareceram para votar. Entre eles Guy Peixoto, do basquete, e Rogério Caboclo, do futebol, que participou ativamente da campanha de Rafael Westrupp. Maria Luciene Resende, da ginástica, é do grupo de risco da Covid-19, esteve doente recentemente, e recebeu recomendação médica para não viajar. Eduardo Mufarej, do rúgbi, também não apareceu. Todos enviaram representantes.
A exceção foi o handebol. O presidente eleito, Manoel Luiz Oliveira, foi afastado pela Justiça. O vice Ricardo Souza assumiu, mas ele está suspenso pelo Conselho de Ética do COB, por dois anos, e essa suspensão vale para o movimento olímpico. Ricardinho, como é conhecido, conseguiu na Justiça o direito de assumir a presidência da confederação mesmo assim, mas sua presença na assembleia seria vetada. Ele até enviou um representante, que não apareceu para votar em nenhuma das rodadas.
A primeira foi para escolher as sete confederações que vão compor o Conselho de Administração. Depois, todos votaram para uma cadeira de membro independente do mesmo órgão. E só na terceira rodada de votação o pleito foi para presidente e vice do COB. Cada uma dessas rodadas demorou cerca de 40 minutos, com cada votante sendo chamado nominalmente, levantando da sua cadeira e indo até a urna para votar.
Foram eleitos para o Conselho de Administração os dois candidatos ligados a Rafael: Anders Petterson (neve) e Matheus Figueiredo (gelo). E também o candidato que era independente ao grupo de Paulo Wanderley: Rafael Nishimura (escalada esportiva). Entre os sete candidatos da chapa de Paulo Wanderley, entraram quatro — José Luiz Vasconcellos (ciclismo, o mais votado, com 37), Alberto Maciel (taekwondo), Silvio Acácio (judô) e Ernesto Pitangueira (triatlo).
Na disputa por uma vaga independente no conselho, o ex-ministro Ricardo Leyser, ligado ao PCdoB, levou a melhor. Ele teve 20 votos contra sete de Rodney Rocha Miranda, um delegado aposentado da polícia federal amigo de Paulo Wanderley, e oito de Marcus Vinicius Freire, medalhista olímpico do vôlei e ex-diretor de Esporte do COB, e 13 de Georgios Hatzidakis, acadêmico e ex-diretor da confederação de atletismo — este último foi o escolhido pelos atletas. Leyser e Paulo Wanderley são rachados.
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