Testemunhas relatam que Ângelo praticava bullying; vídeo mostra homofobia
O processo aberto no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) da Federação Paulista de Ginástica (FPG) para apurar a demissão do ginasta Ângelo Assumpção do Esporte Clube Pinheiros pode virar contra o atleta. O Olhar Olímpico apurou que testemunhas que conviveram com o ginasta durante o período em que defendeu o clube relataram prática de bullying e homofobia por parte dele, principalmente contra colegas das categorias de base.
Foram apresentados ao TJD três vídeos. Um deles mostra Ângelo abrindo um armário. Dentro dele, um garoto, menor de idade, está sentado. Ele se levanta constrangido e deixa o móvel, enquanto Ângelo diz: "Sai do armário". A expressão "sair do armário" é comumente usada no anúncio de orientação sexual de homossexuais. As testemunhas dizem que foi esse o contexto da provocação da brincadeira.
Ângelo, segundo testemunhas e fontes ouvidas pela reportagem, enviou o vídeo a grupos de WhatsApp da ginástica do Pinheiros, tornando público um vídeo entendido pela vítima como humilhante. O Olhar Olímpico teve acesso ao vídeo e não o publicará por envolver menor de idade. Ângelo reclama que, em 2015, foi vítima de racismo em episódio semelhante — colegas se gravaram ofendendo-o e depois espalharam a gravação. Os outros vídeos juntados pelas testemunhas ao processo que corre no TJD são "memes" de internet, envolvendo um menor de idade negro e gay, que Ângelo teria usado, segundo as testemunhas, para humilhar um menino que, à época, tinha 9 anos.
Procurado pelo blog, Ângelo disse que "desconhecia" o primeiro vídeo e pediu que a reportagem o enviasse. Depois de assisti-lo, pediu que sua advogada, sua tia Márcia Dias Assumpção, fosse ouvida como sua porta-voz. A defensora repetiu que "desconhecia" o vídeo. "Isso é balela. Esse assunto não interessa para o Ângelo", afirmou, negando que a brincadeira com "sair do armário" tenha teor homofóbico. "Quem disser isso vai ter que provar na Justiça". Quando a Folha citou a existência de relatos de comentários racistas e homofóbicos por parte de Ângelo, ele também disse "desconhecer".
Sobre os outros vídeos, disse que o assunto será tratado nos autos do processo, mas ameaçou ingressar com diversos processos, contra o Pinheiros, contra os técnicos e contra Arthur Nory, se os vídeos forem incluídos no processo — eles foram. Em nenhum momento em sete minutos de entrevista por telefone ela negou que Ângelo tenha feito o que acusam as testemunhas. Repetidamente, afirmou que o que ela quer saber é onde o sobrinho vai treinar.
Cinco treinadores citados no relatório de governança do Pinheiros, que deu origem à reportagem da Globo que, por sua vez, motivou a abertura do processo no TJD, já foram ouvidos no processo, assim como Arthur Nory e cinco dos ginastas que foram entrevistados naquela auditoria interna, quatro deles então menores de idade.
O blog apurou que o comportamento de Ângelo vinha incomodando treinadores e colegas antes da demissão. Os depoimentos feitos ao TJD apontam que o ginasta faltava ou se atrasava para os treinos com regularidade (informação confirmada ao Olhar Olímpico por diversas fontes) e que ele deixou de competir em eventos importantes. Ex-colegas ouvidos pela reportagem ao longo do último mês, sempre com pedidos de não ter as identidades relevadas, relataram diversas situações de bullying praticado por Ângelo com ginastas menores de idade, chegando a ser necessária interferência de treinadores.
O Pinheiros, até aqui, não se manifestou no inquérito aberto no TJD. Os treinadores contrataram um advogado a parte, Marcel Camilo, que, entre outras coisas, é empresário de Arthur Zanetti. Ângelo deveria ter sido ouvido na última segunda-feira, mas não compareceu à audiência virtual. Ele segue sem clube.
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