COB mantém Missão Europa apesar de segunda onda da Covid-19
Quando anunciou a Missão Europa, em julho, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) justificou o envio de centenas de atletas ao Velho Continente, especialmente a Portugal, como um "suporte à retomada de treinamentos dos atletas classificados ou com potencial de classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio". Quando o projeto começou a ser desenhado, a quarentena no Brasil era rígida, em meio a recordes de mortes, enquanto a Europa começava a voltar à normalidade.
Quatro meses depois, a segunda onda do coronavírus bateu forte na Europa. Em Portugal, diariamente são batidos recordes de novos casos. Enquanto isso, no Brasil, as regras estão cada vez mais flexíveis. Mesmo assim, o COB segue enviando equipes para Portugal, retirando as dos locais de treinamento no Brasil. Hoje estão no CT de Rio Maior, nas proximidades de Lisboa, as seleções de triatlo e boxe, além de parte da equipe de esgrima. Até o final do ano, wrestling e ginástica de trampolim também viajam.
A ida da seleção permanente de boxe é a que mais chama atenção. A equipe treina em um centro de treinamento da confederação em São Paulo, com os atletas morando em alojamento da entidade, e parte da seleção chegou a se trancar em uma "bolha" em um hotel em Embu das Artes. O CT de Rio Maior não tem equipamentos de boxe, que precisam ser alugados pelo COB, pagando em euro, cuja cotação bate recordes.
"A gente fez um questionamento às confederações que se interessaram a ir para Europa: o que faria na Europa que não faria no Brasil. Fomos avaliando com as confederações essa diferença, esse benefício em treinar numa condição mais monitorada. O boxe apresentou argumentos onde a condição de treinamento em São Paulo ainda não estava no nível que eles precisariam estar nesse momento", justifica Jorge Bichara, diretor de Esportes do COB.
Segundo ele, quando houve a decisão pela viagem, que aconteceu em 30 de outubro, havia restrições para o treinamento em São Paulo. E, por isso, havia a necessidade de treinar em um ambiente mais controlado. "A preparação em São Paulo não está ainda adequada à necessidade da equipe. Eu entendo que o dólar está alto, o euro está alto, entendo as comparações com outas situações que poderiam ser adequadas a isso, mas existe um processo de concentração que entendemos que era interessante. Existem aspectos psicológicos que consideramos importantes", continuou.
No mês passado, a seleção de boxe viajou do Brasil para a Bulgária para participar de um torneio amistoso. Já de volta a São Paulo, o técnico Matheus Alves testou positivo para Covid-19 e a hipótese mais provável é que ele tenha se contaminado na viagem. Por isso, a seleção treina em Portugal sem seu treinador. COB e comissão técnica, porém, entenderam que a viagem seguia valendo a pena.
"A forma de acompanhamento presencial é melhor que à distância? Sem dúvida. Mas ele tem um modelo de trabalho com a equipe em que ele delega a capacidade de condução da equipe para seus auxiliares. São profissionais que precisam adquirir maturidade, faz parte da transferência de capacidade de liderança", explica Bichara.
O diretor do COB bate na tecla que o comitê não é "negacionista" e que não minimiza as precauções quanto ao coronavírus. Segundo ele, o COB mantém contato direto com o CT em Portugal e não se furtará em mudar os planos se entender que o cenário mudou. "Se tivermos que rever essa situação, vamos rever. Não vamos expor ninguém à morte, medalha não vale qualquer preço, mas temos que ter uma boa preparação, e essa preparação não é de uma hora para outra", ele diz.
De acordo com o COB, mais de 300 pessoas, entre atletas, treinadores e oficiais, já participaram da Missão Europa. E só 1% deles, três, pegou Covid, provavelmente dois deles no deslocamento entre Brasil e Portugal. Um dos casos foi bastante grave. O técnico de atletismo José Antônio Rabaça, de 72 anos, ficou 24 dias na UTI com Covid. Ele já voltou ao Brasil e está em casa.
Bichara admite que COB e Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) não deveriam ter levado uma pessoa do grupo de risco à viagem. "Eu entendo que a gente acabou, nesse caso, expondo ele a uma situação de risco. Ele quis ir, ele fez questão de ir, e as entidades nesse momento acabaram aceitando essa condição e expondo ele a uma situação de risco que não deveria fazer."
+ Acompanhe o que mais importante acontece no esporte olímpico pelos perfis do Olhar Olímpico no Twitter e no Instagram. Segue lá! +
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.