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Governo Doria pede que federações defendam a demolição do Ibirapuera

Final da Superliga feminina em 2013 - Alexandre Arruda/CBV
Final da Superliga feminina em 2013 Imagem: Alexandre Arruda/CBV

30/11/2020 04h00

O governo de São Paulo tenta convencer federações paulistas de diversas modalidades a assinarem uma carta, escrita pelo governo, defendendo a privatização do Complexo Esportivo do Ibirapuera. O documento, subscrito por diversas entidades de esportes de luta que recebem recursos da prefeitura e do estado, tenta dissuadir o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) de abrir o processo de tombamento do complexo, o que será discutido em reunião hoje (30).

Na quinta-feira (26), o secretário de Esporte, Aildo Ferreira (Republicanos), realizou uma videoconferência com os representantes de diversas federações paulistas para defender a subscrição na carta que havia sido enviada a eles por e-mail. Durante a reunião, segundo participantes, Ferreira contou com uma tropa de choque formada pelas entidades que, todo ano, recebem emendas parlamentares de vereadores e deputados estaduais do partido.

Essas entidades, de esportes como kung fu kuoshu, karatê interestilos e kendô, saíram em defesa da concessão do complexo. O secretário, de acordo com os relatos colhidos pela reportagem, prometeu que os eventos esportivos terão prioridade na futura arena sobre os eventos culturais e coorporativos e que o esporte pagará taxas menores pelo aluguel. Nada disso consta na minuta do edital já apresentada pelo governo do estado.

A "carta aberta" apresentada diz que o Ginásio do Ibirapuera "apresenta problemas de várias naturezas, não mais atendendo às exigências esportivas e as normas técnicas atuais, incluindo curva de visibilidade dos espectadores e acessos inadequados". "Também não possui características técnicas mínimas de dimensionamento e desempenho para suas áreas esportivas, dificultando ou até mesmo impedindo a realização de algumas modalidades esportivas em função das dimensões da quadra existente, do tipo de piso, áreas de escape e segurança do local, que impedem, por exemplo, eventos oficiais de futsal, handebol e tênis", continua.

A informação é no mínimo imprecisa, visto que até o ano passado o ginásio recebeu uma etapa do circuito de tênis profissional e, em 2011, foi sede do Campeonato Mundial de Handebol. A carta ainda diz que o complexo aquático, reformado em 2014, e o estádio de atletismo estão defasados. Pelo projeto apresentado pelo governo, ambas as estruturas seriam demolidas, para dar lugar respectivamente a um hotel e a uma nova arena multiuso. O governo não pretende construir novo complexo aquático ou novo estádio de atletismo para substituir os demolidos. As federações de natação e de atletismo são contra o projeto, defendido, por exemplo, pelo rúgbi, que não usa o espaço.

A carta encerra dizendo que "o Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães necessita de um novo projeto e uma nova Arena à altura da grandeza de São Paulo, que permita sua modernização e sua adequação às novas exigências das atuais práticas esportivas, proporcionando uma melhor gestão de recursos e sua adequada manutenção".

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