CBDA pede para Doria preservar piscina do Ibirapuera ou construir outra
A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e a Federação Aquática Paulista (FAP) enviaram ofício ao governador João Doria (PSDB) pedindo que o estado assegure a preservação do conjunto aquático do Ibirapuera ou, ao menos, construa uma nova piscina "moderna" em São Paulo.
O assunto vem gerando forte repercussão na comunidade esportiva desde que, na segunda-feira (30), o conselho estadual de preservação do patrimônio histórico e cultural de São Paulo, o Condephaat, rejeitou estudar o tombamento do Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, popularmente conhecido como Ibirapuera. Isso abriu caminho para que o Estado lance edital para concessão da estrutura para a iniciativa privada por 35 anos, o que deve acontecer nos próximos dias.
Pelo projeto referencial apresentado pelo estado, o conjunto aquático, que tem uma piscina olímpica, tanque de saltos ornamentais e arquibancada, daria lugar a um conjunto comercial com três torres de hotel, apart hotel e escritórios, além de um open mall (shopping a céu aberto). Assim, São Paulo perderia seu mais importante equipamento público para treinamentos e competições das modalidades aquáticas.
Na carta, CBDA e FAP dizem que "a piscina do Ibirapuera precisa continuar em pé". "O Brasil e o Estado de São Paulo não podem prescindir dos poucos equipamentos esportivos que possui", escrevem, reconhecendo que "reformas e melhorias estruturais são necessárias, tanto em sua piscina olímpica, quanto do tanque e plataforma".
Caso haja o entendimento de que obras são inviáveis, a confederação e a federação querem ao menos uma nova estrutura em outro lugar. "Entendemos ainda que, caso arquitetos e engenheiros especialistas entendam que as reformas estruturais não são adequadas do ponto de vista técnico, a CBDA e a FAP, em nome do esporte aquático nacional, solicita que no edital de concessão seja incluída como contrapartida a construção de pelo menos uma piscina moderna que possa abrigar competições oficiais das citadas modalidades", pedem.
A minuta de edital já apresentada para consulta pública praticamente não faz exigências no campo esportivo. Seria obrigatória apenas a construção de quatro quadras poliesportivas abertas e uma pista de skate, além da arena multiuso para 20 mil lugares, motivação do edital. Toda a estrutura do complexo, que também tem estádio de atletismo, quadras de tênis, dois ginásios, quadras poliesportivas cobertas, galpão para judô, etc, poderia ser destruída.
Durante toda a discussão sobre a concessão, o governo de São Paulo nunca se comprometeu com a construção de estrutura semelhante à do Ibirapuera para os esportes aquáticos, nem verbalmente. A Secretaria de Esporte promete apenas entregar a reforma do Baby Barioni, na Água Branca, iniciada em 2014 e depois abandonada. O local tem uma piscina de 25 metros, metade da metragem olímpica. Outro local de competições em São Paulo era o Pacaembu, que também foi privatizado e não tem previsão de reabrir a piscina.
Como mostrou o Olhar Olímpico, na semana passada, antes da reunião do Condephaat, o governo chamou federações estaduais e pediu que elas assinassem uma carta defendendo a privatização alegando que as estruturas do Ibirapuera estão ultrapassadas. Assinaram principalmente federações de modalidades que não dependem do Ibirapuera, como a de rúgbi. Além da de natação, a de atletismo e a de ginástica também são contra.
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