Topo

Olhar Olímpico

COB cobra "alternativas para preservar o Complexo do Ibirapuera"

Protesto contra a privatização do ginásio do Ibirapuera teve "abraço coletivo" no complexo - ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Protesto contra a privatização do ginásio do Ibirapuera teve "abraço coletivo" no complexo Imagem: ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

09/12/2020 12h22

Principal porta-voz do esporte de alto rendimento no país, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) rompeu o silêncio e se pronunciou hoje (9) pela primeira vez a respeito do projeto de concessão do Complexo Esportivo do Ibirapuera, que não prevê a manutenção de nenhum equipamento esportivo hoje existente. Em nota na qual não citou nem o governo de São Paulo nem a concessão, o COB defendeu que sejam buscadas alternativas para "preservar o Complexo do Ibirapuera".

"O Comitê Olímpico do Brasil entende que o Complexo Esportivo do Ibirapuera cumpre papel fundamental no esporte brasileiro tendo sido, historicamente, local de treinamento e competição para inúmeros grandes atletas de nosso país em diversas modalidades. No Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães foram forjadas dezenas de medalhas olímpicas, pan-americanas e mundiais para o Brasil, fazendo do local protagonista de nossa trajetória esportiva", destacou o COB.

"É fundamental frisar o papel crucial que o esporte desempenha no âmbito da saúde, bem-estar e inclusão social além, naturalmente, do alto rendimento com atletas que inspiram a todos com seus valores e atitudes. Não podemos prescindir de um equipamento esportivo tão importante e compreendermos que esporte e desenvolvimento caminham juntos e há de se buscar alternativas para preservar o Complexo do Ibirapuera, seu papel formador de atletas e sua memória", encerrou.

O governador João Doria (PSDB) tem alegado ter apoio de federações estaduais em seu projeto de conceder todo o complexo, que tem piscina, tanque de saltos, estádio de atletismo, dois ginásios, quadras poliesportivas cobertas e quadra de tênis, para que um concessionário construa uma arena multiuso para 20 mil pessoas, que seria usada pelo esporte apenas 18 dias por ano. Esse concessionário não teria obrigação de manter nenhuma das estruturas existentes e, para o esporte, só precisaria construir quatro quadras poliesportivas recreativas, dessas de parque, e uma de tênis. Em troca, poderia administrar, no lugar do ginásio, um shopping, com projeção de lucrar R$ 490 milhões só com esse centro comercial.

Duas das principais federações paulistas que assinaram essa carta, escrita pelo próprio governo para ser apresentada em defesa do não tombamento histórico e cultural do complexo, negam defender o projeto como ele é. As federações paulistas de handebol e basquete defendem a construção de uma arena, mas cobram que natação e atletismo sigam tendo equipamentos de alto nível para seus treinamentos e competições. A federação de futsal retirou sua assinatura. Ginástica, atletismo e natação, entre outras, nunca assinaram.

Agora o COB se coloca ao lado de atletas históricos do país, como Aurélio Miguel, Jadel Gregório, Ricardo Prado e Maurren Maggi, entre tantos outros, que têm se posicionado contra a destruição dos equipamentos, aumentando a pressão para que o governador João Doria não leve a cabo um edital que não prevê contrapartidas para o esporte. Pela programação apresentada pelo governo, esse edital será lançado ainda este mês. O Ministério Público do Estado promete tentar impedir.