COI age em defesa de atletas e proíbe ditador da Belarus de ir à Olimpíada
Indo de encontro a uma postura histórica de que esporte e política não se misturam, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou sanções ao Comitê Olímpico da Belarus (NOC RB) e ao seu presidente, Alexander Lukashenko, que também é o ditador do país. Entre as diversas medidas, Lukashenko está suspenso do movimento olímpico e proibido de participar dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Ele promete recorrer da decisão.
Lukashenko e outras autoridades do comitê olímpico do país, incluindo seu filho e primeiro vice-presidente Victor Lukashenko, foram punidos pelo COI por "não protegeram adequadamente os atletas bielorrussos da discriminação política dentro do CON (comitê olímpico nacional), de suas federações esportivas nacionais ou do movimento esportivo".
A Folha, da qual o UOL segue diretrizes editorias, trata Lukashenko, no poder há 26 anos, como "ditador", porque todos os poderes do regime são concentrados em sua pessoa. Em agosto, o país foi às urnas em uma eleição presidencial marcada, segundo analistas internacionais, por intimidação e prisão de adversários, cerceamento à imprensa e proibição de acompanhamento por observadores independentes no dia da votação.
Após o ditador ser declarado vencedor do pleito, centenas de milhares de moradores foram às ruas, sendo duramente reprimidos pelo governo. Entre as pessoas presas nos dias que se seguiram estavam diversos atletas, inclusive olímpicos. Uma associação de atletas da Belarus passou a cobrar o governo e exigir que o comitê olímpico do país defendesse esses atletas, o que não ocorreu. Afinal, entre tantos poderes que Lukashenko acumula está o controle absoluto do comitê olímpico.
Pressionado a agir, o COI abriu procedimento formal contra o comitê da Belarus no final do mês passado por causa do "número crescente de relatórios preocupantes sobre atletas, oficiais e esportes". Foram suspensos todos os repasses de recursos ao comitê olímpico do país, exceto aqueles diretamente voltados à preparação de atletas. O COI também pediu que as federações internacionais assegurem que os melhores atletas da Belarus tenham caminho livre para se classificar a Tóquio, resguardando aqueles que sofrem boicote do governo.
A posição do COI contra Lukashenko acontece apenas um ano e meio depois de o governo da Belarus organizar a primeira edição dos Jogos Europeus em Minsk, evento que contou com a presença do presidente do COI, Thomas Bach, que inclusive foi à sede do governo de Lukashenko e se reuniu com ele.
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