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Olhar Olímpico

Eleição no hipismo tem confusão e duas pessoas se declaram presidentes

Bárbara Laffranchi e Kiko Mari - Divulgação
Bárbara Laffranchi e Kiko Mari Imagem: Divulgação

29/01/2021 16h37

Se a primeira tentativa de realizar uma eleição para presidente da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) terminou por falta de candidatos, ainda no ano passado, a segunda, hoje (30), foi o oposto. Duas pessoas, o situacionista Kiko Mari e a oposicionista Barbara Laffranchi, se declararam vencedores em duas assembleias realizadas num mesmo hotel — uma dentro de uma sala, outra no corredor em frente. Ronaldo Bittencourt, presidente até esta manhã, deu posse a Mari, que é seu aliado. A oposição, que teve mais votos entre todos os membros da assembleia, promete uma guerra judicial.

Todo o processo eleitoral, que aparentemente ainda não acabou, foi marcado por troca de acusações e tentativas de impugnação. A votação deveria ter ocorrido em novembro, mas as duas chapas conseguiram impugnar os rivais, no dia da eleição, acusando que os adversários haviam apresentado documentos ou fora do tempo ou com certidões erradas. Com as duas chapas impugnadas, não houve votação.

Os mesmos candidatos, Kiko e Barbara, voltaram a se candidatar. E as brigas continuaram. A CBH alegou que a federação paulista (FPH), que de longe é a maior do país, tinha uma dívida de R$ 2,7 mil e anunciou que ela não poderia votar. A FPH foi à Justiça e chegou à assembleia, hoje, no Rio, autorizada a depositar seu voto na oposição.

Mas outras federações foram barradas. A do Rio, uma das maiores do país, porque sua presidente, que mora há mais de 40 anos no Brasil, não nasceu aqui, mas em Portugal — o estatuto da CBH diz que só podem ocupar os poderes da confederação brasileiros natos e a confederação entende que a assembleia geral é um poder. Também a federação de Alagoas, mais uma de oposição, foi impedida de votar. Já o Ceará, que é aliado da situação, foi autorizado a votar, ainda que separadamente.

O grupo de oposição, revoltado, se retirou do local onde acontecia a assembleia, na sala de um hotel do Rio de Janeiro, e, do lado de fora, no corredor desse mesmo hotel, diante de um cartorário, realizou uma assembleia. Dez federações e quatro representantes dos atletas elegeram Barbara Laffranchi presidente da CBH com 2.052 pontos (os votos têm pesos diferentes, cada um valendo uma quantidade de pontos). Na sequência essa assembleia deu posse a Bárbara.

Paralelamente, dentro do hotel, as federações ligadas ao grupo de situação fizeram outra assembleia, essa dentro da sala, que elegeu Kiko Mari, empresário do ramo químico e ex-presidente da Federação Paulista. No total ele teve 1.620,57 pontos, menos do que os computados por Bárbara. Na sequência, ele também tomou posse.

Em tese, a oposição teria ganhado a eleição se tivesse participado da assembleia organizada dentro da sala, mesmo sem os votos do Rio, de Alagoas e do Espírito Santo. Mas o grupo entendeu que a comissão eleitoral também daria um jeito de impedir o voto da amazonas Yara do Amaral, que participaria remotamente, uma vez que ela mora na Europa — a comissão eleitoral nega essa possibilidade. Ela não chegou a se registrar no sistema online oficial da votação, mas votou por chamada de vídeo na assembleia da oposição. Pelas contas da situação, sem Yara, a oposição teria 1.581 e perderia a eleição.

A oposição ameaça uma desfiliação em massa e criação de uma nova confederação se a vontade da maioria das federações estaduais e da maioria dos atletas não for respeitada. "Na hipótese de não se reconhecer a eleição confirma a manifestação democrática da maioria, pondera-se pela criação de uma nova confederação equestre de hipismo que realmente represente a maioria das federações que não se serem representadas", afirmou o grupo de oposição, em nota.