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Aos 16 anos e rumo à França, ponteira é aposta do Brasil para Tóquio
De tempos em tempos, o vôlei brasileiro revela uma jogadora fora de série. A próxima da fila é Ana Cristina, de apenas 16 anos. Ela foi titular no Sesc-RJ/Flamengo de Bernardinho na última temporada da Superliga Feminina e agora aparece como forte candidata a estar no time olímpico de José Roberto Guimarães já em Tóquio.
Zé Roberto deve divulgar amanhã (1) a primeira convocação do ano, visando a Liga das Nações, e o Olhar Olímpico apurou que Ana Cristina estará na lista. O treinador tem três ponteiras de confiança —Natália, Gabi e Fê Garay— e vê com bons olhos a possibilidade de usar a quarta vaga no elenco que vai à Olimpíada para dar experiência a Ana Cristina, que seria observada na Liga das Nações.
A ideia de ter Ana Cristina já nessa Olimpíada, aos 17 (ela faz aniversário daqui a uma semana), pode ser comparada à participação de Ronaldo na Copa de 94 e à de Kaká na de 2002. Ou, para ficar no mundo do vôlei, à situação de Natália, também na vaga de quarta ponteira no time campeão olímpico de 2012, mesmo se recuperando da retirada de um tumor. Posteriormente, os três citados foram eleitos melhores do mundo.
Quanto a Ana Cristina, o problema é que o futuro dela é longe do país. Sua família estava de malas prontas para se mudar para a França quando começou a pandemia. O contratempo acabou obrigando a jogadora a ficar uma temporada extra no Brasil. Visando um ganho técnico, optou por jogar no time de Bernardinho. Mas a partir da próxima temporada, Ana Cristina começa um "projeto de vida" em Canet, onde fica a sede da empresa que a agencia, a SB Community.
As implicações desse projeto preocupam muita gente no vôlei brasileiro. A comissão técnica não sabe, até agora, se Ana Cristina vai aceitar a convocação de Zé Roberto. Corre o rumor de que a ponteira tem convite para se naturalizar para jogar pela seleção da França, país que não tem tradição no vôlei feminino e precisa se preparar para fazer bonito na Olimpíada de Paris, em 2024.
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Representante brasileiro da jogadora, o empresário Eduardo Fonseca nega a hipótese com veemência: "Jamais foi cogitada naturalização por outro país para disputar qualquer competição", diz ele. Segundo o agente, Ana Cristina está ansiosa pela possibilidade de defender a seleção brasileira e sonha com a Olimpíada. Ou seja: convocada, ela vai se apresentar a Zé Roberto na semana que vem e brigar por uma vaga em Tóquio.
Ana Cristina, porém, não dá entrevistas há mais de um ano. Filha da ex-jogadora de vôlei Ciça, que foi campeã mundial júnior no time que tinha Jaqueline e Paula Pequeno, e de um ex-jogador de basquete, Alex Souza, a menina cresceu nas quadras e ginásios. Nascida no Rio, onde Ciça jogava à época, Ana Cristina foi criada em São Paulo. Fez a base em São Caetano e, antes de brilhar pelo Sesc-RJ/Flamengo, defendeu o Pinheiros por uma temporada.
A jovem promessa começou a treinar aos 10 e, aos 14, já estava na seleção brasileira sub-18. Aos 15, era destaque da seleção sub-20 no Mundial. Quando começou a ser cotada para a seleção olímpica, foi blindada pelo Sesc-RJ/Flamengo, que vetou dezenas de pedidos de entrevista.
Na próxima temporada, Ana Cristina não estará no Brasil. A família toda —pai, mãe e sua irmã de dois anos— vai se mudar para a França. Fonseca não confirma, mas a brasileira tem o nome ventilado pelo Volero The Canet, continuação da equipe que um dia foi o campeão mundial Volero Zurique, na Suíça, e que tem como donos os mesmos da empresa que a agencia.
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