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Santos dá carona e resgata atletas retidos há 9 dias na Argentina

Jonathas Brito, Jonatha Mendes e Adelly Oliveira, em Buenos Aires - Arquivo Pessoal
Jonathas Brito, Jonatha Mendes e Adelly Oliveira, em Buenos Aires Imagem: Arquivo Pessoal

08/04/2021 04h00

O voo fretado que trouxe o Santos de volta da Argentina após a vitória por 3 a 1 sobre o San Lorenzo na madrugada de ontem (7) transportou de carona três atletas brasileiros que estavam presos em Buenos Aires desde o fim de semana retrasado. Eles haviam ido à Argentina competir e não conseguiram voltar para casa após terem três passagens canceladas devido ao fechamento de fronteiras. Depois de várias tentativas frustradas, foram salvos pelo Santos.

Jonathas Brito e Jonatha Mendes foram, respectivamente, prata e bronze nos 110m com barreiras, enquanto Adelly Oliveira levou ouro nos 100m com barreiras e prata nos 100m rasos em um Grand Prix na cidade de Concepción del Uruguay, que fica na Argentina, quase na divisa com o Uruguai, no fim de março.

Sem convite para a competição, eles até receberam hospedagem e alimentação dos organizadores, mas as passagens de ida e volta foram dadas de presente pelo preparador físico do grupo. Pelos planos originais, os três voltariam de Buenos Aires a São Paulo no dia 29 de março, segunda-feira, em um voo da Latam, enquanto os demais brasileiros, com passagem oferecida pelos organizadores, embarcariam em voo das Aerolíneas Argentinas. Chegando ao aeroporto, os três foram barrados.

"No domingo à noite, a companhia aérea cancelou o voo. Entramos em contato com o preparador físico, que tinha dado as passagens para a gente, ele entrou em contato com a Latam, mas não tinha mais voo. Só um que saía do Uruguai, com parada no Paraguai. Beleza. Mas a gente não conseguia sair da Argentina. Não tinha avião, ônibus, nada. Só um barco, que estava R$ 1,5 mil reais por pessoa", conta Jonathas Brito, atual campeão brasileiro dos 110m com barreiras.

Novamente a passagem foi cancelada e substituída por outra, para um voo saindo de Buenos Aires no dia 1º, que também acabou cancelado. "Aí a gente falou: 'ferrou', né? A confederação brasileira entrou em contato com a confederação argentina e eles arranjaram hotel e alimentação para a gente em Buenos Aires, mas não tinha como voltar", continua Brito. Ele, Adelly (que é sua companheira) e Jonatha improvisaram treinos em uma praça local enquanto buscavam uma solução.

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O quebra-cabeças começou a ser resolvido com o auxílio de Maíla Machado, atleta olímpica nos 100m com barreiras e que hoje é a treinadora do grupo. Ela trabalha também como agente no braço de futebol feminino da Unique Sports, que por sua vez cuida da carreira do volante Pituca, do Santos.

"Ela e o Adalberto, que é empresário do Pituca, entraram em contato com o Marcelo Magalhães, secretário especial do Esporte, e foi comovendo todo mundo para nos ajudar. Santos, CBF, Conmebol...", conta Brito. Partiu do próprio Ministério da Cidadania o pedido para que o Santos auxiliasse. Como o clube está em esquema de bolha, foi necessário pedir autorização para CBF e Conmebol, que concordaram desde que os barreiristas apresentassem testes.

Assim, o grupo conseguiu três poltronas para voltar de carona no voo que o Santos fretou para levar e trazer o time que jogou e venceu o San Lorenzo na Argentina, na terça (6), por 3 a 1. De volta ao país, os três se preparam para buscar índice para os Jogos Olímpicos de Tóquio.