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CBF não responde a oferta e olímpicos do futebol ficam sem vacina via COB
Com Gabriel Carneiro, do UOL Esporte
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi a única, entre as confederações nacionais que vão enviar atletas aos Jogos Olímpicos de Tóquio, a não participar do programa de vacinação liderado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) em parceria com o governo federal para vacinar as delegações que vão ao Japão com imunizantes doados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). A entidade diz que irá vacinar as seleções masculina e feminina antes da Olimpíada, mas discute diretamente com o ministério da Saúde como fazer.
A vacinação das delegações que vão aos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos começou na sexta-feira da semana passada, no Rio, e continuou anteontem (17) e ontem (18) lá e em mais cinco cidades. Como as listas de convocados ainda não estão fechadas na maior parte das modalidades, foram utilizadas as chamadas listas largas, que incluem os atletas com potencial de serem convocados e estão previamente inscritos nos Jogos, tanto em modalidades coletivas quanto nas individuais.
Quando o COB abriu diálogo com as confederações para saber quantas pessoas precisariam ser vacinadas, ainda antes de receber o aval do governo federal, a CBF enviou uma lista com cerca de 300 nomes de jogadores que poderiam estar na lista final do técnico André Jardine, da seleção masculina. O COB considerou que a relação era ampla demais e não pretendia incluir os jogadores entre os vacináveis, mas o governo federal optou por não vetar ninguém.
A coluna apurou que, quando o COB pediu a lista final à CBF, não obteve resposta. Sem essa relação, nenhum jogador de futebol, homem ou mulher, foi incluído nas listas enviadas aos postos de vacinação. Sequer jogadores que atuam no Brasil, moram em cidades que tiveram vacinação (como Rio e São Paulo) e que têm enormes chances de serem convocados para os Jogos tiveram a oportunidade de se vacinarem.
O governo federal deu aval para a vacinação dos olímpicos a partir dos imunizantes doados pelo COI, em oferta que incluía a doação de 8 mil doses adicionais ao SUS, mas não abriu exceção para que a Conmebol vacinasse jogadores no Brasil. A entidade máxima do futebol sul-americano recebeu 50 mil doses doadas pelo laboratório chinês Sinovac, mas, sem qualquer contrapartida, o governo não autorizou a aplicação dessas doses no Brasil. Se elas entrarem no país, podem ser confiscadas pela Anvisa.
Para vacinar jogadores mesmo assim, a Conmebol montou um esquema para que equipes brasileiras em viagem ao exterior para partidas da Sul-Americana e da Libertadores passem por Assunção, onde os atletas são vacinados. O elenco do Atlético-GO foi vacinado assim e o do Atlético-MG também será. Inter, Fluminense e Ceará, por outro lado, optaram por esperar aprovação no Plano Nacional de Imunizações (PNI).
Em nota na última sexta-feira, a CBF disse que tem "conversas avançadas" com os órgãos competentes do governo nacional para que as vacinas da Conmebol possam ser aplicadas no Brasil, em conformidade com o PNI. Na mesma nota, a CBF afirmou que as seleções olímpicas seriam vacinadas pelo programa de imunização do COI e, em contato posterior com a reportagem, reafirmou que a negociação com o ministério da Saúde prevê o uso dessas vacinas. O Olhar Olímpico apurou que essa possibilidade é improvável, uma vez que os postos de vacinação já foram desmobilizados. A nota técnica do Ministério da Saúde que autoriza a vacinação, de número 600/2000, não prevê nova fase de aplicação da primeira dose para os olímpicos.
A CBF diz que só vai definir a logística de vacinação das seleções quando as listas de convocados forem divulgadas, o que ainda não tem data para acontecer. "As informações adicionais serão comunicadas pela Comissão Médica da CBF, à medida em que todas as condições e planos estiverem integralmente ajustados", informou a confederação.
Uma das possibilidades, pelo que apurou o Olhar Olímpico, é que a vacinação ocorra nos Estados Unidos, em Portland, um dos locais cotados para a preparação do time olímpico masculino. Não seria um caso inédito. Todos os skatistas de mais de 18 anos da seleção brasileira de skate já foram vacinados nos Estados Unidos —a equipe está reunida na Califórnia.
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