Coordenador do São Paulo fica sem vacina e descobre que alguém usou seu RG

O coordenador das categorias de base do São Paulo, Pedro Smania, registrou boletim de ocorrência depois de descobrir que alguém usou seus dados, incluindo RG, CPF e número de registro no Conselho Regional de Educação Física (CREF), para ser vacinado contra a covid em São José dos Campos, a quase 200 quilômetros de onde ele mora. Como uma vacina já foi dada em nome dele, Smania não conseguiu se vacinar.

De acordo com o profissional, ele foi ontem (27) com um colega à UBS de Vila Borges, na Zona Oeste de São Paulo, como profissional da saúde - é educador físico e trabalha nessa função. O colega foi vacinado, mas quando chegou a vez de Smania ser cadastrado no Vacine Já começaram os problemas.

"Dei o número do meu CREF, meus documentos, comprovante de residência e holerite, comprovando meu trabalho. A enfermeira jogou os dados no Vacine Já e disse que eu já tinha cadastro. E começou a falar o nome da minha mãe, do meu pai, meu RG...", conta o coordenador.

A enfermeira, então, observou que uma vacina contra a covid já havia sido aplicada em uma pessoa que se apresentou como Pedro Smania na UBS Engênio de Melo, em São José dos Campos, no interior de São Paulo. Como uma vacina saiu do sistema para alguém indicado como Pedro Smania, o coordenador não conseguiu ser vacinado.

Diante da confusão, a enfermeira chefe da UBS paulistana ligou para a unidade de São José e passou a questionar o enfermeiro chefe de lá, de nome Carlos. "Como já eram quase 18 horas e a UBS precisava fechar o expediente, ele pediu que eu ligasse amanhã, no caso, hoje cedo. Falei, 'tudo bem'. Liguei hoje cedo, uma pessoa foi chamar o tal Carlos, fiquei esperando uns 10 minutos na linha, e ela voltou dizendo que ele não estava. Eu avisei que ia abrir um boletim de ocorrência, ela pediu que eu esperasse até de tarde para o Carlos voltar, mas eu fiz o B.O.", explica o coordenador.

A reportagem do Olhar Olímpico ligou na UBS Eugênio de Melo, se apresentou, explicou a apuração, e pediu para falar com Carlos. A mulher que atendeu se afastou do telefone e disse: "É para você, é um repórter". Um homem, então, respondeu: "E eu sou o Bolsonaro", e começou a rir, apesar da insistência da mulher, que avisava que era "sério". Em seguida, a mulher respondeu que Carlos "não estava". Avisada que a conversa havia sido escutada, ela alertou Carlos: "ele te ouviu". O enfermeiro, então, avisou que só prestaria esclarecimentos pessoalmente.

A coluna procurou a assessoria de imprensa da prefeitura de São José dos Campos, responsável pela UBS, mas ninguém atendeu nos números indicados no site da prefeitura.