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Olhar Olímpico

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Furacão na seletiva americana, Sha'Carri é suspensa por fumar maconha

Sha"Carri Richardson é a esperança americana para o ouro nos 100 metros em Tóquio - Patrick Smith/Getty Images
Sha'Carri Richardson é a esperança americana para o ouro nos 100 metros em Tóquio Imagem: Patrick Smith/Getty Images

02/07/2021 10h44

Atleta mais falada da seletiva norte-americana de atletismo, Sha'Carri Richardson foi suspensa hoje (2) pelo órgão antidoping dos Estados Unidos, a USADA. Ela testou positivo para THC, que é substância psicoativa encontrada nas plantas do gênero Cannabis, a popular maconha. Sha'Carri aceitou uma suspensão de um mês, que ainda deve dar muito o que falar.

"Quero assumir a responsabilidade por minhas ações. Não estou procurando uma desculpa. No momento, estou apenas colocando toda minha energia para lidar com o que eu preciso lidar", disse Sha'Carri à NBC. No Twitter, simplesmente postou: "sou humana".

O caso é bastante complexo. Como foi amplamente noticiado após Sha'Carri vencer os 100m rasos na seletiva, a mãe biológica dela havia morrido uma semana antes. Causou repercussão mundial a cena da velocista subindo as escadas da arquibancada para abraçar a avó que torcia por ela.

Na entrevista de hoje à NBC, a corredora revelou que, na verdade, ficou sabendo da morte da mãe, com quem aparentemente tinha contato distante, por um jornalista, na seletiva. E indicou que foi nesse contexto que ela fumou maconha. "Eu sei que não posso me esconder. De alguma forma, eu estava tentando esconder minha dor", justificou.

É permitido fumar maconha no Oregon, estado onde ocorreu a competição. E o código antidoping não pune o consumo fora de competição. Mas Sha'Carri testou positivo para THC exatamente no dia da final da seletiva dos 100m, o que o Código Mundial Antidoping proíbe pensando na segurança do atleta, não na lógica mais comum no doping, que é a de se tentar tirar vantagem.

"As regras são claras, mas isso é doloroso em muitos níveis. Temos esperança que sua aceitação da responsabilidade e suas desculpas serão um exemplo importante para todos nós de que podemos superar com sucesso nossas decisões lamentáveis, apesar das consequências onerosas para ela ", disse o CEO da USADA, Travis T. Tygart.

O padrão para esse tipo de caso de doping é uma suspensão de três meses. Mas Sha'Carri teve a pena reduzida a um mês porque seu uso de cannabis ocorreu fora da competição e não estava relacionado ao desempenho esportivo. Além disso, ela já participou de um programa de aconselhamento sobre o consumo de maconha.

O gancho começa a valer em 28 de junho e ela perde o resultado da seletiva americana, que é o critério utilizado pelos americanos para escolher quem vai à Olimpíada. A suspensão termina antes da prova dela nos Jogos de Tóquio. Além disso, Sha'Carri fez índice para a Olimpíada em outros momentos e poderia participar da competição mesmo com o resultado da seletiva anulado.

Agora a decisão fica nas mãos da USA Track & Field, federação de atletismo dos Estados Unidos, e do comitê olímpico americano, USOPC, que têm como regra convocar os primeiros colocados da seletiva, na qual o resultado de Sha'Carri foi anulado. As entidades ainda não se pronunciaram.