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Handebol afasta árbitros após ofensas racistas e assédio em transmissão
A Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) afastou dois árbitros que foram flagrados fazendo comentários com teor racista e homofóbico contra um treinador e em tom de assédio sexual contra jogadoras que participavam de um jogo do Campeonato Brasileiro Junior Feminino, na quarta-feira (16), em Sorocaba, no interior de São Paulo. A entidade se nega a informar o nome deles, mas o Olhar Olímpico apurou que um deles seria Adriano Alves Rocha.
O torneio está sendo transmitido por lives amadoras no Instagram de Lucilla Vianna, ex-jogadora da seleção olímpica, hoje assessora esportiva da CBHb. Na quinta, enquanto jogavam as equipes de Araraquara e Centro Olímpico, foi possível ouvir uma série de ofensas que teriam partido de dois árbitros que trabalhavam como mesário da partida.
Sobre Robison Santos, técnico do Unicesumar/Sesi/Fundesport Handebol, de Araraquara, um dos árbitros teria dito, de acordo com relatos, que ele é "mal vestido, seboso e nojento". A transmissão também vazou um comentário homofóbico sobre o mesmo treinador.
Durante a partida, um desses mesários teria dito, segundo esses relatos, que determinada jogadora de Araraquara é "gostosinha". Também foram feitos comentários sobre as atletas do Centro Olímpico, que, segundo os árbitros, eram magras e engordaram.
Apesar da baixa audiência (36 pessoas assistiam a um jogo no começo da noite desta sexta), as ofensas geraram repercussão imediata, com a CBHb sendo pressionada a tirar os árbitros de Sorocaba, onde estavam hospedados no mesmo hotel que as equipes. Pouco tempo depois, o vídeo foi retirado do Instagram de Lucila.
Em nota, o presidente da CBHb, Felipe Rêgo Barros, disse que a entidade afastou os árbitros em definitivo da competição e de forma cautelar do quadro da confederação. Também foi solicitada que Lucila, que é diretora do Comitê de Política para as Mulheres do Handebol, destaque um representante do órgão para acompanhar de perto todo o caso. Além disso, o episódio será comunicado ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), de acordo com Barros.
"A confederação repudia qualquer ato de preconceito e/ou desrespeito, seja dentro ou fora de quadra. Não podemos concordar ou aceitar comportamentos que não condizem com o handebol brasileiro. Como desportistas, precisamos dar exemplo e contribuir para uma sociedade cada vez mais igual e justa", disse a entidade, na mesma nota. A CBHb, vale lembrar, nunca sequer discutiu punir seu último presidente, Ricardo Santos, acusado de assédio sexual por uma funcionária. Barros chegou à presidência como aliado de Ricardinho.
O Centro Olímpico soltou nota afirmando "repudiando os atos ocorridos na competição, em que atletas da nossa equipe foram vítimas de comentários machistas, desairosos e inconvenientes proferidos por dois integrantes do corpo de arbitragem" e se colocando à disposição das atletas.
No dia seguinte, o jogo do time de Araraquara foi postergado, para ser o último da programação. Antes de a bola rolar, as jogadoras dos dois times ajoelharam e levantaram os pulsos, em protesto. No vídeo abaixo é possível ver Robison, o treinador ofendido, também protestando no banco. Nas redes sociais, diversos clubes postaram mensagem contra o assédio e o racismo.
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