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Técnico de basquete é preso acusado de assediar adolescentes em apartamento
A Polícia Civil do Rio de Janeiro vai solicitar perícia para ter acesso às câmeras de segurança de um apartamento onde um técnico de basquete, Hamilton Lemos de Oliveira, de 56 anos, alojava cinco jovens, dois deles menores de idade, que o acusam de assédio sexual. O treinador da equipe do Jequiá/Instituto Nautt'Ilus foi preso no sábado (18), durante partida do time, formalmente acusado de estupro de vulnerável e constrangimento.
Dois desses atletas, acompanhados de um outro treinador que teve conhecimento dos fatos narrados pelos garotos, procuraram inicialmente a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DCAV), que fica na Lapa. Depois, os outros três também foram depor. Em Rondônia, mais dois jovens que também alegam terem sido assediados prestaram depoimento.
A reportagem não conseguiu ouvir a defesa de Hamilton porque o técnico de basquete ainda não tem advogado constituído.
Ontem (20), já com Hamilton preso preventivamente, a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão no apartamento onde viviam os jovens, no bairro da Abolição, na Zona Norte do Rio. Lá foi encontrado um sistema de monitoramento, cujas imagens haviam sido apagadas. "Não encontramos as imagens, mas vamos tentar acessar através de perícia. Queremos saber se essas gravações incluíam os atos sexuais", diz o delegado Adriano França.
Hamilton tem um projeto que atrai jovens desde pelo menos 2011. Prevendo que seria preso, ele chegou a apagar diversos vídeos de seu telefone celular no sábado, segundo relato de atletas a quem ele pediu que negassem as acusações. De acordo com o delegado que acompanha o caso, o objetivo agora é conseguir acessar o conteúdo apagado para comprovar as alegações feitas pelos garotos, que afirmam que os atos de assédio envolviam masturbação e sexo oral. Em um dos casos, o treinador teria tentado consumar o ato sexual contra a vontade do atleta.
No apartamento mantido como alojamento dos jovens atraídos de outras regiões, foram encontrados poucos gêneros alimentícios. Em depoimento à polícia, as vítimas disseram que se alimentavam somente com macarrão e salsicha. Para a polícia, os atletas eram mantidos em condições insalubres, o que aceitavam diante do sonho de um dia se tornarem jogadores profissionais. Ele não constituiu defesa e permaneceu em silêncio durante o depoimento, segundo a polícia.
Hamilton foi preso no sábado, no ginásio do Jequiá Iate Clube, durante partida entre o time dele, que aparece na tabela como Instituto Nautt'Ilus, e o Tijuca Tênis Clube, pelo Estadual do Rio na categoria sub-17. Na página da entidade no Instagram, o time em algumas vezes é nomeado "Jequiá/Inst. Nautt'Illus" e em outras aparece apenas como "Juquiá Basquete". Desde ao menos 2019 o uniforme da equipe tem no peito os dizeres "Juquiá Basquete".
O clube náutico da Ilha do Governador, contudo, diz não ter nenhuma relação com o acusado, exceto um contrato de locação de seu ginásio para treinamentos e jogos. "Ele nos procurou antes da pandemia, ele é diretor de um instituto, dizendo que estava sem clube para treinar equipes sub-17, sub-19 e sub-22 e não tinha quadra mandante. A gente, como estava sem basquete há muito tempo, estava com horários vagos na quadra e precisava reformar nossa quadra. Resolvemos fazer a obra e vimos na locação uma forma de ressarcir os cofres do clube", diz Telmo Alberto, como odo do Jequiá.
O dirigente máximo do clube diz que chegou a cruzar com Hamilton sendo levado pela polícia na manhã de sábado, saindo do Jequiá, mas imaginou se tratar de uma consequência de uma briga de jogo ocorrida dias antes, entre atletas. Alberto alega que ele e o Jequiá só souberam das acusações pela imprensa.
Em nota, a Federação de Basquete do Estado do Rio de Janeiro (FBERJ) lamentou o episódio e incentivou outras possíveis vítimas a denunciarem. "A FBERJ solidariza-se com todos os jovens e familiares que estão denunciando e pede que se algum outro atleta tenha sofrido algum tipo de agressão, por favor denuncie."
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