Ginasta é desconvocado para o Mundial após ser chamado por análise online

O gaúcho Luis Porto foi ao Campeonato Brasileiro de Ginástica Artística, disputado em Aracaju (SE) entre sexta (1) e domingo (3), com mala para 25 dias. Convocado para o Campeonato Mundial —que começa no dia 18, no Japão—, ele já estava com passagem para, no dia seguinte ao fim do Brasileiro, viajar para a aclimatação em Doha, no Qatar. Mas, durante o torneio, foi informado que a convocação estava revogada.

A decisão do técnico Marcos Goto pegou o ginasta de surpresa, assim como o seu técnico pessoal dele, Leonardo Finco, coordenador da seleção brasileira até o fim de 2019 e que deixou o cargo por não concordar com os rumos que a ginástica masculina estava tomando.

"Nos foi passado que havia um processo seletivo que ele [Luis Porto] passou e foi convocado. Não foi dito em momento algum que o Brasileiro seria mais uma seletiva, mais uma avaliação. Como ele não competiu bem nas eliminatórias, ele foi cortado. Não concordo, porque ele não foi trocado, foi só cortado. Ninguém vai para o lugar dele", reclama Finco.

Alegando que a equipe precisaria viajar para Doha logo depois do Brasileiro, a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) realizou a convocação para o Mundial antes mesmo do torneio nacional. Para tanto, foi adotado como critério uma seletiva online, realizada nos dias 14 e 16 de setembro. "Realizamos dois dias de testes e levamos em consideração, para a convocação, as melhores notas de partida e final", explicou Goto, em material divulgado pela CBG.

A partir dessas avaliações, foram convocados, no masculino, Luis Porto, Arthur Nory e Caio Souza. No Brasileiro, Caio venceu o individual geral com ampla vantagem e foi campeão em quatro aparelhos, incluindo argolas (sem Arthur Zanetti) e salto, em ambos com notas que o colocariam em finais no Mundial. Nory venceu na barra fixa, aparelho no qual é o atual campeão mundial, com bom desempenho.

Porto, que é especialista no salto, errou em sua apresentação nas eliminatórias do Brasileiro, na sexta. No dia seguinte, Finco foi informado que o ginasta, que disputou o Pan de Lima-2019, seria cortado. "Abrimos mão de outras coisas, do próprio treinamento, e ele paga o preço de não poder ir para o Mundial porque não quiseram", lamenta o treinador do clube gaúcho GNU.

Goto confirma que o corte foi realizado porque Luis Porto se apresentou mal no Brasileiro: "Com base nas observações a respeito do desempenho técnico do ginasta Luis Porto durante o Campeonato Brasileiro de Ginástica Artística, decidimos retirá-lo da lista de convocados para o Mundial", disse via assessoria.

O Brasil poderia inscrever seis ginastas na competição masculina do Mundial, mas só vai usar duas vagas. No feminino, o país poderia levar quatro atletas, mas somente Rebeca Andrade foi convocada. O torneio não terá provas por equipes.

Historicamente, o primeiro Mundial do ciclo é usado pelas seleções para observar novos ginastas, já pensando nos Mundiais dos dois anos seguintes, que servem como seletivas olímpicas. O Brasil, porém, optou por não testar ninguém, nem no masculino, nem no feminino.