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Bela Nalu cresceu pelo mundo, virou surfista e já quer Olimpíada
Bela Nalu, uma adolescente de 14 anos, está batendo o seu recorde de mais tempo longe dos pais. Já são sete dias, mais do que os cinco de uma excursão de escola no sétimo ano, sua antiga marca de maior distanciamento. Seria um dado banal se não marcasse, simultaneamente, o início da carreira daquela que já é a melhor jovem surfista do país e o rompimento de um cordão imaginário que ligava Bela a uma família que a tornou celebridade na infância.
Isabelle ganhou o segundo nome Nalu, que significa "onda" no idioma havaiano. Seus pais, Fabiana Nigol e Everaldo Pato, viajavam o mundo dormindo em capas de pranchas e barracas quando ela nasceu no Havaí. Nos cinco anos que antecederam o nascimento, gravaram em vídeo as aventuras até o domingo de Páscoa de 2007, quando a família aumentou. O material virou o filme "Nalu", que chamou a atenção do Multishow. O canal do grupo Globo convidou, então, a família para estrelar um reality show.
Quando Bela (então "Belinha") tinha dois anos, foi ao ar a primeira edição do "Nalu Pelo Mundo", série com a premissa de mostrar a menina crescendo enquanto a família rodava o mundo atrás de paisagens paradisíacas e ótimas ondas. Seja pela série original ou pelas derivadas "Nalu Pelo Mundo de Bike" e "Zay e Nalu Pelo Mundo", já são 12 anos na TV paga — uma nova temporada, com foco no caçula Zay, já foi gravada.
Feito esse preâmbulo, que seja feita a vontade de Bela: "Eu acho que as pessoas ainda me veem como a menina do programa de TV. Agora que eu estou crescendo, começando a competir, quero que me vejam como uma atleta, uma pessoa tentando mostrar o seu surfe pelo mundo", afirma. "Não quero me desassociar do programa, porque acho que fez muito parte da minha vida, mas quero aparecer pelo meu surfe também."
Com uma vida inteira transmitida pela televisão, Bela apareceu para o surfe esta semana competindo no Rip Curl Grom Search, um importante torneio de base na Praia da Grama, uma piscina de ondas em um condomínio de luxo no interior de São Paulo. Em um cenário onde todos os atletas têm ondas idênticas para surfar, a jovem de 14 anos venceu na quarta-feira (6) a categoria sub-16 fazendo 17 pontos. Não menos badalada, Sophia Medina, dois anos mais velha, marcou 15,65 no mesmo torneio.
As duas são bastante amigas. "Ela é minha dupla no Brasil. A gente não se falava tanto antes, nesse ano que a gente ficou bem amiga. Começamos a nos falar mais em um evento na Costa Rica. A gente já tinha se visto e se falado em uns WSL que ela ia para assistir o irmão dela. Todo mundo torce muito para mim e a para ela, fala que a gente tem um bom surfe."
Na quinta-feira (7), um dia depois, Bela repetiu a dose vencendo com muita folga o torneio sub-14. Fez 16 pontos, com duas notas oito, contra 10,90 da segunda colocada.
Primeira viagem sozinha
Os passaportes e o enorme acervo de imagens registram que Bela já passou por 54 países, sempre viajando acompanhada dos pais e, mais recentemente, do irmão Zay, que está com dois anos e quatro meses. Ela, que mora com a família em Bali, na Indonésia, nunca havia feito nenhuma viagem sozinha. Sequer havia ficado longe dos pais por mais de uma semana.
A quebra do tabu marca o início de uma carreira promissora. "Eu tinha vindo para o Brasil para gravar onda no Brasil, porque era obrigatório para se classificar para o campeonato. Mas voltamos para a Indonésia, as restrições de viagem aumentaram e achamos que nem ia dar certo. Aí, na última noite antes, a gente conversou, falamos com várias pessoas e decidimos que eu viria. Só que eu teria que vir sozinha", conta.
Bela é treinada pelo pai, Everaldo Prato, também surfista, e nunca havia surfado longe dele. A viagem de avião em si foi junto do avô, que ficou em Santo André (SP), onde mora, enquanto a atleta seguiu por conta para Itupeva (SP) e, ontem, para Florianópolis (SC), onde vai ficar hospedada na casa de um treinador até os pais virem a seu encontro, em novembro.
De agora em diante, isso vai ser cada vez mais comum. Bela tomou a decisão de fazer acontecer para se tornar uma surfista. "Eu ainda estava aprimorando muito meu surfe e só competia campeonatinho pequeno. Até fui campeã catarinense sub-12, mas nunca mais competi. Agora, estou aprimorando o que eu já sei fazer", explica.
Depois de mostrar todo seu talento no condomínio Praia da Grama, a surfista agora vai ficar pelo menos um mês e meio no Brasil, para participar pela primeira vez de um torneio profissional, o WSL Qualifying Series da Praia Mole, em novembro, em Floripa, e logo em seguida de um Pro Junior em Saquarema, no estado do Rio.
"Eu estou treinando para competir os WQS, os Pro Junior, mas também espero ir para a Olimpíadas. Se não essa no Taiti, na próxima", diz Bela, já citando o local das provas de surfe dos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. "A certeza é que quero ir para alguma Olimpíada. Entrar no WSL e correr as Olimpíadas. Acho importante para a carreira de um surfista", opina.
Velha conhecida de cada uma das praias que recebe o circuito profissional, a menina de 14 anos sabe que essa experiência pode fazer diferença. E lida para que a fama não atrapalhe. "Eu tento não pensar muito nessa fama que eu tenho. Penso em mim mais como uma das meninas dali, sou igual a todo mundo. Tem meninas que surfam como eu".
O futuro vai depender, claro, do que Bela conseguir mostrar na água. Mas a gravação de novas temporadas do reality com a família segue nos planos. "Estou com minha família desde que eu nasci. Eles trabalham em casa, estão sempre comigo, é muito difícil de me desapegar. Quero muito viver com eles até o máximo que eu consiga. A gente ainda vai decidir se eu vou competir um ano inteiro e não vamos gravar, ou se vamos gravar entre os campeonatos."
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