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Brasil pode perder promessa de medalha para Chile
Esta é a versão online da edição desta segunda-feira (7/2) da newsletter Olhar Olímpico, seu resumo sobre o que de mais importante aconteceu e vai acontecer nos esportes olímpicos durante a semana. Para assinar o boletim e recebê-lo no seu e-mail, clique aqui.
O COB já foi informado que uma das jovens atletas que chegam ao novo ciclo olímpico como candidata a medalha em Paris-2024 pode trocar de nacionalidade esportiva e defender o Chile. Nicole Cintra, 18, do levantamento de peso, tem todas as razões para fazer isso.
Aos 16, ela foi medalhista dos Mundiais Sub-17 e Sub-20 em 2019, mas reclama nunca ter recebido apoio da confederação brasileira, a CBLP, que trata o técnico dela, o cubano Luis Lopez, como inimigo.
Aliás, quase todo mundo que faz algo pelo LPO no Brasil é tratado como inimigo por Enrique Montero, presidente da confederação, que só existe em cinco estados - quanto menos eleitores, menos chance de ele não se reeleger na entidade criada pelo pai.
Em 2020, Montero não indicou outra atleta de destaque, Nathasha Rosa, para o Bolsa Pódio, mesmo ela cumprindo os requisitos. Denunciado ao conselho de ética do COB, recebeu a ordem de adotar critérios claros.
No último dia 31, pressionado, esperou até o último minuto possível para indicar ao Bolsa Pódio atletas medalhistas no último Mundial adulto, mas treinadas por um opositor. Por causa da demora, o nome de duas não apareceu na lista de beneficiados divulgada na sexta (4).
Também na semana passada, a CBLP anunciou os atletas elegíveis para a seleção em 2022, deixando Nicole de fora. É verdade que ela não competiu em 2021 (primeiro por lesão, depois porque o Pinheiros, seu clube, não pagou a ida ao Brasileiro). Mas outros atletas foram listados por escolha técnica e a medalhista mundial não foi contemplada.
Se o técnico da seleção tivesse ligado para o treinador dela, receberia vídeos delas, em treino, com 63kg e 18 anos, levantado um total 217kg, resultado que a faria medalhista de bronze no último Mundial adulto. Em qualquer país do mundo os olhos do técnico da seleção brilhariam. Não no Brasil.
Nicole, que treina no Centro Olímpico da prefeitura de São Paulo e já estava desesperançosa, perdeu o pouco da fé de que poderia ser atleta no Brasil. Ela, que é filha de mãe brasileira e pai chileno e tem duplas nacionalidade, quer competir pelo Chile. O COB tenta intervir, mas para isso precisaria passar por cima da CBLP. Nicole vale a briga.
Medina fica fora do Bolsa Pódio
Na lista de contemplados com o Bolsa Pódio, divulgada pela secretaria de Esporte de Alto Rendimento de Bruno Souza na última sexta-feira (4), chama atenção a ausência do tricampeão mundial de surfe Gabriel Medina.
Ele foi muito criticado, em 2020, por receber o benefício, mesmo sendo sabidamente milionário. Desta vez, nem se inscreveu. Outros atletas muito bem remunerados estão lá: Ítalo Ferreira, Rayssa Leal, Letícia Bufoni, Pedro Barros, Henrique Avancini, Bruno Soares e Rebeca Andrade. Estão no direito deles.
Justiça esportiva
Se Medina está fora, Carol Solberg está dentro. A atleta, que gritou "Fora Bolsonaro" em uma entrevista, fez por merecer a bolsa. Teve ótima temporada no ano passado ao lado de Bárbara Seixas e é candidata a medalha em 2024. O pagamento de um auxílio por parte da União a uma ótima atleta não deve mesmo ser influenciado por questões políticas.
Fomento não é patrocínio
A Secretaria Especial do Esporte e a Liga Nacional de Basquete anunciaram que o governo federal será "patrocinador" o Jogo das Estrelas do NBB, nos dias 18 e 19 de março. Mas patrocínio pressupõe publicidade, é algo que empresas fazem. Papel de governo é fomentar esporte, o que a Secretaria fará repassando R$ 1,2 milhão à LNB pelo evento na Arena Carioca 1. Ao anunciar o "patrocínio", secretaria e liga omitiram os valores.
Nada nas piscinas
O governo de São Paulo mostrou que consegue resolver problemas estruturais em pouco tempo. A cratera na marginal Tietê foi fechada em dois dias. Uma pena não haver pressa com o esporte. O complexo esportivo do Baby Barioni está em obras há nove anos. A piscina do Ibirapuera está fechada ao público desde 2015.
Boicotão
Os atletas do vôlei de praia conseguiram uma impressionante adesão de mais de 70% dos jogadores do país ao boicote ao Circuito Brasileiro, que foi reformulado pela CBV. Se o recorte for a elite da modalidade (20 ou 30 melhores duplas), aí a adesão passa dos 90%. A confederação precisa reconhecer que perdeu a queda de braço para a comissão de atletas, presidida por Carlão Arruda.
Memória curta
Gerasime Bozikis, ex-presidente da CBB, morreu na última sexta-feira. Para muitos, eles foi o responsável por empurrar o basquete ladeira abaixo nos seus 12 anos de gestão (1997-2009). Para Marcelo Pará, diretor da CBB e cotado para ser seu próximo presidente, "o basquete brasileiro deu um salto de qualidade na administração do Grego". O salto: três Olimpíadas sem se classificar no masculino e a seleção feminina caindo de campeã para 9ª do mundo. Magic Paula, hoje vice da CBB, sempre foi crítica a Grego.
Memória curta 2
Indiciado por agressão à ex-mulher, acusado de violência psicológica, injúria, ameaça e agressão, Thiago Wild foi convocado pela Confederação Brasileira de Tênis (CBT) para defender o país na Copa Davis. A convocação foi anunciada na semana passada pelo capitão Jaime Oncins.
Meus muitos obrigados
Este jornalista só estreia hoje a newsletter Olhar Olímpico porque enquanto garoto foi forjado por ótimas experiências com o esporte olímpico. Seja vendo diversos torneios de vôlei de praia no interior de São Paulo, estrelados por Carlão Arruda, ou acompanhando da arquibancada os treinos da seleção de Magic Paula que viria a ser campeã mundial em 1994.
Em um país de monocultura esportiva, foram decisivos, na minha juventude, a oportunidade proporcionada por Grego de acompanhar um Mundial de Basquete in loco, e a de jogar handebol (muito mal) no momento em que o país chegava ao mapa da modalidade pelo talento de Bruno Souza. .
Levem as crianças para assistir jogos, nem que seja de um torneio municipal de vôlei de praia. Apresentem a elas novas modalidades, novos potenciais ídolos. Mostrem a elas basquete, handebol, vôlei, vôlei de praia, tênis de mesa, ciclismo... O impacto é sempre positivo.
Obrigado, Edgard
A banca que julgou o meu TCC na Faculdade Casper Líbero demorou muito mais do que o normal para voltar ao auditório com a minha nota. Convidado por mim para fazer parte da banca, o jornalista Edgard Alves discordava não sei se da minha aprovação ou da boa nota que os outros integrantes queriam dar em um livro-reportagem sobre a geração de ouro do basquete que ele não julgava tão bom assim. Não era mesmo, e aquela ducha de água fria me acordou.
Essa foi uma das duas vezes em que tive contato com Edgard, que morreu na sexta. A outra foi quando, uns 15 anos depois, ele arranjou meu telefone não sei com quem e me ligou, sem lembrar que me conhecia, para me dar parabéns pelo meu trabalho. Não precisava fazer isso, mas o fez, porque, segundo muitos amigos em comum, era a generosidade em pessoa.
Admirava muito Edgard sem conhecê-lo bem. Em uma profissão de vida útil muito curta, com redações formadas quase sempre por cabeças pretas, mesmo em cargos de chefia, era encorajador saber que, aos 73 anos, ele ainda era jornalista olímpico, e dos bons. Nossa profissão perde muito sem ele.
PARA LER E OUVIR
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