Natação recebe apoio da Hungria, volta atrás, e terá Mundial este ano

Uma semana depois de anunciar o cancelamento do Mundial de Esportes Aquáticos de 2022, que seria realizado em Fuzuoka, no Japão, e ser muito criticada por isso, a Federação Internacional de Natação (Fina) voltou atrás e informou que realizará a competição este ano, mas em uma nova sede: Budapeste, na Hungria.

O local foi sede do Mundial em 2017, e voltará a receber o evento, conforme anúncio feito pelo primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán. A Hungria terá, em abril, uma eleição que deve ser crucial para sua história. Orbán, de extrema-direita, considerado um dos mais autoritários mandatários ocidentais, no poder desde 2010, enfrentará uma frente única de seis partidos de oposição.

A competição será realizada no verão de Budapeste, de 18 de junho a 3 de julho. Depois, portanto, das eleições, mas anunciada a tempo de Orbán utilizar mais esta carta na campanha eleitoral. O polo aquático é muito popular no país, que tem na natação alguns de seus ídolos, especialmente Kristof Milak, campeão olímpico dos 200m borboleta.

"Como uma comunidade aquática, estamos encontrando soluções em torno da pandemia e o anúncio de hoje é um passo importante nesse processo", disse o presidente da Fina, Husain Al-Musallam, em nova enviada à imprensa.

O dirigente indicou que a Hungria, que ainda está no pico de infecções por covid, vive um momento melhor da pandemia do que outros países. "A Fina reconhece que a pandemia está evoluindo de forma diferente de acordo com o tempo e o lugar. Somos extremamente afortunados por ter anfitriões de eventos que compartilham nossa paixão pelos esportes aquáticos e têm vontade, capacidade e flexibilidade para organizar o evento de maior prestígio da Fina", afirmou.

Há exatamente uma semana, a Fina havia anunciado que Mundial que seria disputado em o Fuzuoka em maio foi adiado para julho de 2023. Já o Mundial que seria realizado no final de 2023, no Qatar, foi reagendado para janeiro de 2024. Isso deixava 2022 sem nenhum evento de nível mundial na natação.

Historicamente a natação tem Mundiais de piscina longa nos anos ímpares. Como a Olimpíada é disputada a cada quatro anos, sempre em anos pares, uma temporada fica sem Mundial ou Olimpíada. Neste ano (que, em situação normal, seria 2022), são disputados o Campeonato Europeu e o Pan-Pacífico, que costuma reunir as potências não-europeias da natação: Austrália, EUA, Canadá, Japão, e convidados como Brasil, China e Coreia do Sul.

Por causa da pandemia, ainda em 2020, a Fina anunciou o adiamento do Mundial de Fuzuoka de 2021 para 2022, o que fez com que os organizadores do Pan-Pacífico de 2022, que seria no Canadá, cancelassem o evento, empurrando-o para 2025. Esse processo deixou que, até hoje, o calendário 2022 ficasse sem um grande evento.

A novidade deve mudar todo o calendário nacional de natação, também. Como o Mundial de Fukuoka seria em maio, daqui a apenas quatro meses, nadadores de todo o mundo já estavam em preparação para suas seletivas nacionais. No Brasil, o Maria Lenk foi marcado para acontecer na primeira semana de abril exatamente por isso. Na semana passada, o torneio passou a não valer nada. Agora, deverá voltar a ser seletiva.