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Olhar Olímpico

REPORTAGEM

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Quem é a russa de 15 anos que coloca a patinação no gelo em novo patamar

Kamila Valieva durante apresentação nas Olimpíadas de Inverno 2022 - SEBASTIEN BOZON / AFP
Kamila Valieva durante apresentação nas Olimpíadas de Inverno 2022 Imagem: SEBASTIEN BOZON / AFP

07/02/2022 11h36

A Rússia segue proibida de disputar os Jogos Olímpicos sob sua próxima bandeira, mas vem da delegação do Comitê Olímpico Russo o grande nome dessa edição das Olimpíadas de Inverno. Kamila Valieva tem apenas 15 anos, está em sua primeira temporada internacional na patinação artística, mas já mudou para sempre a história da modalidade.

Nesta segunda-feira (7) em Pequim ela teve uma queda e fez uma apresentação com nota mais baixa para o que está acostumada no programa longo da patinação artística — que, como o nome já diz, tem uma série de maior tempo de duração. Mostrou que, diferente do que seu apelido diz, 'Perfect Miss' não é perfeita. É quase.

Na última de oito apresentações da prova por equipes da patinação artística, o programa longo feminino, ao som do Bolero de Ravel, Valieva acertou os dois primeiros saltos quádruplos (de quatro giros no ar em um só salto) da história dos Jogos Olímpicos. E o fez com as mãos erguidas para cima, não junto ao corpo, como seria mais fácil para ter equilíbrio. No terceiro, caiu.

Mas o que ela faz é tão melhor do que o que todo o resto do mundo faz que, mesmo assim, Valieva recebeu mais de 30 pontos a mais do que a japonesa Kaori Sakamoto: 178,92 a 148,66. Não que fizesse diferença nesta prova, em específico, porque o ouro para a Rússia por equipes já estava assegurado, mas é uma pequena amostra do que Valieva fará ainda na competição feminina, que tem programa curto na terça dia 15, e o programa longo dois dias depois, às 7h de Brasília.

Aos 15 anos, Valieva só não vai ganhar mais um ouro se pegar covid e não puder competir. Em sua primeira temporada internacional, seu pior desempenho nos cinco eventos que disputou é mais de 10 pontos melhor do que de qualquer outra. É como se Bolt corresse toda vez perto do seu recorde mundial e todos os rivais ficassem acima de 10 segundos.

Tem sido assim desde que ela venceu as principais etapas do circuito mundial júnior em 2019, aos 13 anos, acertando pela primeira vez um quádruplo em competição. Campeã mundial naquela temporada, esperou até o fim de 2021 para estrear entre as adultas, estabelecendo, de cara, o recorde mundial de pontuação: 249,24 pontos, dois a mais do que a antiga melhor marca, da também russa Alena Kostornaia. Era só uma amostra do que ela ainda poderia fazer, porque o recorde já foi quebrado outras duas vezes, e agora está em 272,71 pontos.

Natural de Kazan e nascida em 2006, Valieva patina desde os 5 anos. Aos 6, mudou-se para Moascou para começar a treinar em uma escola especializada. Depois da Olimpíada de Inverno passada, em 2018, ela trocou de academia, para ser treinada por Eteri Tutberidze, técnico campeão olímpico em PyeongChang.

O reinado de Valieva, porém, pode não durar mais do que um ciclo olímpico. A Rússia já prepara sua próxima estrela: Sofia Akateva, um ano mais nova, que bateu recentemente o recorde mundial júnior de Valieva.