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Suposto doping pode fazer maior estrela de Pequim ser expulsa da Olimpíada
O Comitê Olímpico Internacional (COI) não realizou a cerimônia de entrega de medalhas da prova por equipes da patinação artística, que deveria ter acontecido ontem. Isso é fato. Os motivos por trás disso já vinham sendo especulados pela imprensa internacional e foram tornados públicos agora por um site que é referência em cobertura dos bastidores olímpicos, o britânico Inside The Games. A novela tem tudo para marcar os Jogos de Inverno de Pequim.
Até aqui, a grande estrela do evento é Kamila Valieva, uma adolescente russa de 15 anos que fez este ano sua estreia internacional e, desde então, registrou as melhores apresentações da história da patinação artística. No domingo, no programa longo feminino da prova por equipes, ela acertou dois quad, os saltos quádruplos, em que os patinadores giram quatro vezes em torno do próprio eixo no ar. Nunca uma mulher havia acertado um salto desses em Jogos Olímpicos.
Quando Valieva fez sua segunda apresentação (a primeira foi no programa curto), o COI já havia atribuído, no site oficial da Olimpíada, a medalha de ouro para a Rússia na prova por equipes, porque, nas sete primeiras de oito provas, os russos haviam somados pontos suficientes para não serem ultrapassados mais na liderança. O show de Valieva foi só a cereja do bolo.
Mas, agora, de acordo com o Inside The Games, Valieva foi flagrada em um exame antidoping, tendo testado positivo para trimetazidina, um modolador metabólico que é uma substância não especificada na lista de proibidas pelo Código Mundial Antidoping. Isso significa que um atleta que teste positivo para trimetazidina deve receber uma suspensão provisória obrigatória até seu julgamento.
Na última Olimpíada de Inverno, a Rússia também teve um caso de doping por trimetazidina, em uma atleta do bobsled, que foi expulsa da competição, tendo sua credencial retirada. Depois, ficou demonstrado que a substância entrou no corpo dela por um suplemento contaminado, e ela aceitou uma suspensão de oito meses, apenas.
Agora o caso é mais complexo, sempre segundo o Inside The Games, porque Valieva tem menos de 16 anos, o que faz dela uma "pessoa protegida" no sistema antidoping. Ainda que ela venha a ser suspensa, isso não pode ser divulgado. Isso já aconteceu mais de uma vez no Brasil, como quando um nadador menor de idade foi suspenso. Em casos de doping de menores de idade, é padrão que a maior responsabilidade recaia sobre o staff do atleta, não sobre ele.
O COI, a Corte Arbitral do Esporte (que montou um escritório provisório em Pequim, como sempre faz nas Olimpíadas, para julgar com celeridade o que for necessário) e os organizadores de Pequim-2022, ficam, assim, em uma sinuca de bico. Talvez seja necessário, sem detalhar o motivo, retirar o ouro do Comitê Olímpico Russo — a Rússia, vale lembrar, segue suspensa.
E isso justo na prova, transmitida em horário nobre dos EUA, em que os russos mostraram que são os melhores do mundo, em meio a uma escalada da crise diplomática entre Rússia e a maior parte do mundo ocidental.
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