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Brasil começa busca por prêmio histórico nas Olimpíadas - e não é medalha
Quando a delegação de Portugal embarcou para os Jogos Olímpicos de Tóquio, anunciou a meta de, além de ganhar duas medalhas, levar de volta para casa também 12 diplomas olímpicos. Finalista dos 1.500m no atletismo, a espanhola Marta Pérez passou longe de subir ao pódio e, após a prova, lamentou ter terminado em nono, sem um diploma.
É provável que você nunca tenha ouvido falar disso, mas, além de medalhas, os Jogos Olímpicos também distribuem diplomas, produzidos pela casa da moeda do país anfitrião e assinados pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), aos atletas que terminam suas provas entre os oito primeiros colocados.
Além de um reconhecimento para o esportista, o diploma é usado como métrica, em diversos países que não ganham muitas medalhas, para avaliar se uma campanha olímpica foi boa ou ruim, melhor ou pior que outras. No Brasil, ele não é discutido porque nas Olimpíadas de Verão a métrica é o número de medalhas (foram 21 em Tóquio) e, nas de Inverno, o país nunca ganhou um diploma. Até agora.
Nicole Silveira inicia hoje (10), a partir das 22h, sua participação na prova de skeleton dos Jogos de Inverno de Pequim, na China, com a chance real de ser a primeira brasileira a conquistar um diploma olímpico. O que pode ter pouco valor para o esporte brasileiro nos Jogos de Verão é, na competição de inverno, uma meta ousada para um país onde temperaturas abaixo de zero são raríssimas e em locais pontuais.
Gaúcha de Rio Grande, Nicole se mudou ainda criança para o Canadá, onde estudou enfermagem com bolsa como jogadora de futebol e foi uma boa atleta de fisiculturismo. Depois de tentar vaga olímpica em 2018 no bobsled, migrou para um esporte semelhante, disputado nas mesmas pistas, em trenó, mas de uma pessoa só, que desce o trajeto todo da cabeça para baixo, como quem mergulha.
Conciliando períodos de treinos e competições no inverno com o trabalho como enfermeira no verão, Nicole evoluiu bastante da temporada passada para essa atual, que abriu com um oitavo lugar no evento-teste de Pequim, que inaugurou a pista onde está sendo disputada a Olimpíada. Depois, venceu etapas de segundo e terceiro nível do circuito mundial na América do Norte e fez um nono lugar em uma etapa da Copa do Mundo na Alemanha.
Número 19 do ranking da Copa do Mundo, Nicole chegou a Pequim cotada para terminar entre as 16 primeiras. Mas, na China, assim como já havia feito no evento-teste, voltou a mostrar boa adaptação à pista, o que pode ser determinante para um bom resultado. No primeiro de três dias de treinos oficiais, fez a quarta melhor volta da primeira descida e a sexta melhor da segunda tentativa.
Nestes treinos, as atletas fazem ajustes no trenó e na própria pilotagem, como é usual também, por exemplo, na Fórmula 1. Em meio a esses ajustes, fez dois nonos, um 11º e um 18º lugares nos outros dois dias, anteontem e ontem.
Na competição em si serão quatro descidas, com o resultado final sendo a soma dos quatro tempos de cada atleta. Andando com regularidade entre as 10 primeiras, Nicole tem boas chances de ficar nas oito primeiras colocações. A primeira etapa será às 22h30 (de Brasília) de hoje, e a segunda logo depois, a partir da meia-noite. Depois, a competição continua com descidas no sábado de manhã, às 9h30 e às 10h55.
Pelo que mostraram nos treinamentos até aqui, as favoritas ao pódio são as alemãs Hannah Neise, Tina Hermann e Jacqueline Loelling, a austríaca Janine Flock, a tcheca Anna Fernstaedt e a chinesa Dan Zhao. Kimberly Bos, da Holanda, venceu a temporada da Copa do Mundo e também pinta como forte candidata ao pódio. Entre as concorrentes em um segundo pelotão, Nicole tem sua namorada, a belga Kim Meylemans.
Até hoje, o melhor resultado do Brasil em Jogos Olímpicos foi com Isabel Clark, em Turim-2006, no snowboard cross (uma prova parecida com a do ciclismo BMX, mas disputada na neve). Na ocasião, ela foi eliminada nas quartas de final e disputou a final C, valendo do nono ao 12º lugares. As demais três atletas se envolveram em um acidente, caíram, e o caminho ficou aberto para Clark, maior nome do esporte de neve do país em todos os tempos, vencer a bateria e terminar os Jogos em nono.
Após quase 70 participações do Brasil em Olimpíadas de Inverno, de 1992 para cá, também valem destaque um 14º e um 19º lugares de Isabel Clark no snowboard em 2014 e 2010, respectivamente, o 24º lugar de Isadora Williams na patinação em 2018 (depois de ser 17ª na primeira apresentação) e o 26º posto de Sabrica Cass no Moguls este ano. No bobsled, o melhor resultado final foi um 19º lugar (entre 19 participantes) na prova para duas mulheres em 2014. Nicole fará a estreia do Brasil em competições olímpicas de skeleton.
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