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Lenda radical, Shaun White se aposenta hoje buscando 4º ouro olímpico
Quando o dia raiar amanhã na Califórnia, uma das maiores lendas dos esportes radicais não será mais um atleta de alto rendimento. O norte-americano Shaun White faz hoje, às 22h30 (de Brasília), a última competição de sua carreira, exatamente uma final olímpica de snowboard, em busca de uma inédita quarta medalha de ouro.
White é a história do snowboard, um esporte que ganhou popularidade, principalmente, a partir do sul da Califórnia, em um paralelo óbvio com o skate e o surfe —outros esportes também disputados sobre prancha e que floresceram por lá. Com a diferença que, enquanto os outros dois só chegaram aos Jogos Olímpicos de Verão agora, em 2021, o snowboard estreou no programa de inverno em Nagano-1998.
A potente união da imagem do jovem radical com a do atleta olímpico, que o Brasil conhece agora por Rayssa Leal, Letícia Bufoni, Italo Ferreira e tantos outros, existe na neve há mais de 20 anos. Neste período, ninguém se aproveitou mais dela do que White, que ganhou seu primeiro ouro em X-Games em 2003, quando tinha 16 anos, e seu primeiro ouro olímpico no half-pipe nas Olimpíadas de Turim, em 2006 —o half-pipe é uma pista inclinada que tem o formato de um tubo cortado ao meio, com os atletas indo de um lado para o outro e arriscando manobras a cada transição.
Ídolo radical e olímpico, White ainda levava uma carreira paralela de skatista. Profissional desde os 16, faturou cinco medalhas no Vert em X-Games de Verão, de 2005 a 2011, incluindo duas medalhas de ouro, em 2007 e 2011. Até então, nunca nenhum atleta havia medalhado tanto na versão quente quanto na fria do evento.
No total, são 15 medalhas de ouro em X-Games e três olímpicas. Campeão do half-pipe em 2006, 2010 e 2018, White só não venceu a prova em 2014, quando terminou em quarto lugar. Mesmo assim, graças a seu histórico e carisma, saiu daquela Olimpíada, em Sochi, como o atleta mais comentado do evento.
Agora, aos 35 anos, não chegou a Pequim exatamente como favorito. Foram três anos e meio sem competir depois do ouro em Pyeongchang e, no retorno ao circuito mundial, o norte-americano precisou lidar com as limitações do seu corpo.
"Eu meio que escolho minhas batalhas. É como se um novo tabuleiro de xadrez tivesse sido colocado e é como, 'OK, bem, você não pode mais ir a esses espaços'. Ainda há um caminho, mas você só precisa encontrá-lo", disse em uma entrevista recente ao site dos Jogos Olímpicos.
A conceituada revista norte-americana Sports Illustrated, que antes de todas as Olimpíadas faz uma previsão de medalhas, aposta que o Japão ganhará ouro e prata, e a Austrália bronze. O japonês Ayumu Hirano é o cara a ser batido. Mas que ninguém descarte mais um pódio para White.
Nas eliminatórias, anteontem (8), ele errou a primeira volta, foi pressionado para a segunda, mas conseguiu uma apresentação cravada, que valeu nota 86,25 deixando-o em quarto lugar, a 0,75 ponto do terceiro. Mais importante: a boa apresentação permitiu a ele estender a carreira por mais dois dias, até a final de hoje, quando 12 atletas vão se apresentar em três voltas, que devem durar até perto da meia-noite de Brasília.
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