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Rebeca Andrade, a ginasta que não chora, já estuda para ser psicóloga
Fenômeno pelo que faz em cima do tablado, Rebeca Andrade impressiona quem a conhece de perto pela forma como não se deixa abalar por nada. Mesmo depois de três complicadas cirurgias de joelho, não saiu do rumo. Centrada, não se desconcentrou nem quando sua melhor amiga, Flávia Saraiva, se machucou ao seu lado durante as eliminatórias da Olimpíada.
Sabendo que não terá uma longa carreira pela frente como ginasta, Rebeca já iniciou os estudos para compartilhar com outras pessoas tudo que aprende, desde muito jovem, sobre a mente. Recentemente, a atleta do Flamengo iniciou um curso universitário de psicologia, presencial, que ela vai seguir concomitantemente aos treinos.
"As aulas serão sempre à noite, depois do treino, então, não vai me atrapalhar em nada. Vou aproveitar os tempos livres que eu tiver também para estudar. E, claro, se houve alguma coincidência de horário, quando eu precisar viajar para os treinos ou competições, vou conversar com os professores antes. Acho que eles vão entender, né?", diz Rebeca, que terá ao menos cinco anos de estudos pela frente.
Ao longo dos anos, a ginasta, que desde muito cedo precisou lidar com a pressão por resultados, aprendeu a controlar a mente para não deixar que os problemas de fora prejudicassem seu desempenho no esporte. Segundo ela mesma contou em Tóquio, controla tanto as emoções que não consegue chorar.
"A psicologia me ajudou a me conhecer, a entender e a lidar com as barreiras que aparecem no dia a dia, fez com que eu encontrasse formas e caminhos de superá-las ao invés de parar. Ter o acompanhamento psicológico desde bem novinha fez muita diferença na minha vida, me ajudou a chegar onde eu estou hoje e quero, um dia, poder ajudar outros atletas também, aproveitando, inclusive, a minha experiência no esporte", afirma.
Rebeca reconhece a importância de Aline Wolff, psicóloga que atende a ginasta desde que ela tinha 9 anos. A campeã olímpica quer ser, para outros atletas, o que Aline tem sido para ela. "Aline me acompanha há muitos anos. O trabalho com ela fez com que eu amadurecesse muito na concentração, em toda a preparação mental. Eu sei o quanto me ajudou e foi importante para que eu alcançasse os meus objetivos. Quero poder ajudar outros atletas, ajudar as pessoas —assim como ela me ajudou e me ajuda até hoje— a se conhecerem melhor, a se prepararem melhor, conhecer seus limites e vencer medos".
A ginasta é uma das atletas beneficiadas pelo acordo entre COB e Estácio que deu a todos os atletas que participaram dos Jogos Olímpicos de Tóquio uma bolsa de graduação ou pós-graduação na universidade, se assim desejassem. O mesmo benefício também vale para os atletas paralímpicos, por meio do Comitê Paralímpico Internacional. A meta é ter 500 atletas estudando na Estácio ainda no primeiro semestre de 2022.
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