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Olhar Olímpico

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Seleção feminina joga seu futuro em 120 minutos em Pré-Mundial

Mariane durante treino da seleção feminina de basquete - Divulgação
Mariane durante treino da seleção feminina de basquete Imagem: Divulgação

10/02/2022 04h00

A seleção brasileira feminina de basquete vai decidir seu futuro em 120 minutos, duas horas, de hoje (10) até domingo (13), em Belgrado, na Sérvia. Em três jogos, o Brasil vai saber se será um dos privilegiados a jogar o próximo campeonato Mundial, ou se vai ter que continuar a se contentar com alguns poucos confrontos contra equipes do continente americano daqui até o próximo torneio de vida ou morte, valendo vaga em Paris-2024.

Se para o masculino a Federação Internacional de Basquete (Fiba) criou um calendário de partidas que se estendem ao longo do ano todo, o que permitiu ao Brasil fazer 18 jogos no caminho para o Mundial de 2019 e ter até 12 partidas na tentativa de chegar à competição de 2023, no feminino as oportunidades de as seleções jogarem são raras.

A Copa América, que é um torneio à parte das Eliminatórias no masculino, assim como acontece no futebol, por exemplo, é parte das eliminatórias do Mundial no feminino. Por ter sido terceiro colocado no torneio regional do ano passado, após fazer sete partidas em oito dias, o Brasil se qualificou para o chamado Pré-Mundial, o evento que começa hoje.

Serão só três jogos. Hoje, às 8h (de Brasília) o adversário é a Austrália. No sábado, às 14h, a Coreia do Sul. Depois, no domingo, às 17h, o Brasil fecha sua participação contra a Sérvia, dona da casa. A ESPN promete transmitir todas as partidas.

O duelo de hoje não vale muita coisa. Sede do próximo Mundial, a Austrália já está classificada, e joga o Pré-Mundial só para ganhar ritmo. As duas vagas em jogo serão disputadas por Coreia, Brasil e Sérvia.

As brasileiras têm que ganhar ao menos um jogo para avançar a um Mundial que terá a participação de somente 12 equipes, quatro a menos do que o usual, parte do movimento da Fiba de esvaziar o basquete feminino — no masculino, o número passou de 24 para 32. Criticada, a entidade anunciou na semana passada que, ao invés de aumentar o número de equipes no Mundial Feminino, vai criar uma espécie de torneio de consolação para quem não se classificar para o evento principal.

Time desfalcado

Por enquanto, o único caminho para continuar evoluindo dentro de quadra é se classificar ao Mundial. E, em busca desse objetivo, o técnico José Neto precisará contar com a ausência das mais destacadas jogadoras brasileiras da atualidade.

Damiris Dantas, única brasileira que jogado regularmente a WNBA nos últimos anos, teve uma lesão de Lisfranc no pé direito, em setembro, vinha se recuperando, mas sofreu nova fratura por estresse, no mesmo pé, em dezembro. Até foi convocada, mas acabou vetada em análise conjunta do médico da seleção feminina, Paulo Szeles, com a equipe médica do time dela, o Minnesota Lynx.

Clarissa dos Santos, que vem se destacando no basquete europeu, jogando pelo Landres, da França, sofreu uma lesão no joelho e não se recuperaria a tempo do Pré-Mundial. Por isso, nem foi convocada. "Como esta competição não proporciona para as equipes muito tempo de preparação, fizemos a convocação levando em consideração uma base de atletas que estão aptas, em atividade, já adaptadas a nossa metodologia e proposta de jogo", explicou Neto, ao fazer a convocação.

Sem as duas, o garrafão brasileiro terá a veterana Erika, de 39 anos, hoje jogando na Espanha, e duas atletas de times universitários dos EUA: Stephanie Soares e Kamilla Cardoso. Aline Moura, do Sesi/Araraquara, foi convocada depois do corte de Damiris.

De resto, Neto terá à sua disposição em Belgrado um elenco semelhante àquele que foi bem na Copa América do ano passado, com Débora, Alana e Lays na armação, Patty e Tainá como alas/armadoras e as alas Isabela Ramona, Rapha, Thayná, Mariane e Jeanne.

Na seleção, ninguém esconde que o jogo que o Brasil precisa vencer é o contra a Coreia do Sul, rival que foi bem na Olimpíada, apesar das três derrotas, fazendo jogos duros contra Espanha (73 a 69) e Sérvia (65 a 61).

"Sabemos a dificuldade, a qualidade das nossas rivais, mas o Brasil trabalha para voltar ao Mundial. A Sérvia é a atual campeã da Europa, mostrou em Tóquio que é uma força. Assim como a Austrália. A Coreia é uma surpresa. O Brasil não joga contra uma seleção asiática há muitos anos. Apesar disso, a partida contra as coreanas precisa ser vencida e estamos trabalhando para isso", disse Neto.

O duelo contra as coreanas é no sábado à tarde. Se vencer esse jogo, mesmo que perca para Austrália e Sérvia, o Brasil se classifica ao Mundial no caso de a Coreia, como é provável, perder para os mesmos rivais.