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Olhar Olímpico

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Nicole fica em 13º e alcança melhor resultado do Brasil no gelo

Nicole Silveira nos Jogos Olímpicos de Tóquio - Alexandre Castello Branco/COB
Nicole Silveira nos Jogos Olímpicos de Tóquio Imagem: Alexandre Castello Branco/COB

12/02/2022 11h09

Nicole Oliveira alcançou, neste sábado, a melhor classificação de uma brasileira em Jogos Olímpicos de Inverno em provas disputadas no gelo. Em seu primeiro ciclo olímpico no skeleton, depois de ser jogadora de futebol, fisiculturista e atleta de bobsled, Nicole terminou a prova em Pequim, após quatro descidas, na 13ª colocação, a 2s86 da campeã.

De forma geral, esta é a segunda melhor campanha do Brasil em Olimpíadas de Inverno. Melhor que ela, só Isabel Clark, que foi nona colocada em Turim-2006 no snowboard cross. Clark também foi 14º nesta mesma prova em Sochi-2014, e, curiosamente, Nicole só ultrapassou essa campanha, assumindo a 13ª colocação, porque a namorada dela, a belga Kim Meylemans, fez uma péssima quarta descida.

"Foi uma jornada curta, mas com muito sucesso, muita aprendizagem. Foi uma aprendizagem rápida, que tive que fazer em quatro anos. Se meu treinador dissesse que em quatro anos eu ia terminar em 13º em uma Olimpíada, eu ia rir da cara dele", comentou Nicole, ao SporTV. Nascida em Rio Grande, ela se mudou ainda pequena para o Canadá, onde vive até hoje, treinando na pista olímpica de Calgary.

Nicole é a segunda atleta brasileira na história, depois exatamente de Clark, a fazer parte da elite de uma modalidade de inverno, correndo o circuito de Copa do Mundo. Recentemente, Sabrina Cass, do Moguls, que antes competia pelos EUA e se naturalizou brasileira, entrou neste time.

No skeleton, disputado na mesma pista do bobsled, mas em trenós nos quais as atletas se deitam de barriga, cada competidora faz quatro descidas, valendo para o resultado final a soma deles. De 25 que iniciaram, as 20 melhores chegam até a quarta e última descida, disputada no fim da noite deste sábado em Pequim, manhã no Brasil.

Nicole se adaptou bem à pista que está sendo usada na Olimpíada, que foi inaugurada no evento-teste do ano passado, quando foi oitava colocada. Nas baterias de treinos livres, já nos Jogos, fez um quarto e um sexto lugares no primeiro dia, deu esperanças de que poderia brigar por um top-8, mas durante a competição não conseguiu repetir esse desempenho.

Ela foi a 12ª melhor da primeira descida, mas cometeu erros na segunda apresentação, ambas na quinta-feira, fechando o primeiro dia em 14º. Hoje a brasileira até fez sua melhor marca, mas para ficar apenas em 17º na terceira bateria, caindo para o 15º lugar na soma geral.

Quinta a largar na bateria final, Nicole fez 1min02s40 e perdeu posição para a italiana Valentina Margaglio. Depois, viu a russa Alina Tararychenkove a chinesa Yuixi Li fazerem descidas com problemas e terminarem com tempo total acima da brasileira, que ganhou duas posições. O 13º lugar foi assumido a contragosto por Nicole, que viu a namorada Kim, belga, fez péssima volta a despencar do 11º para o 18º lugar.

A competição teve um pódio incomum. Kimberly Bos ganhou bronze e deu, para a Holanda, a primeira medalha do país em um esporte de inverno que não a patinação velocidade em 46 anos. Jaclyn Narracott foi prata para a Austrália, na primeira conquista no skeleton de um país do hemisfério sul. Mas o ouro ficou com a Alemanha, que domina o trio skeleton/luge/bobsled. Campeã mundial junior, Hannah Neise agora é também campeã olímpica.