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Velocista se compara a Valieva e vê racismo em gancho que a tirou de Tóquio
A velocista Sha'Carri Richardson, que é negra, expôs seu incômodo com a decisão da Corte Arbitral do Esporte (CAS) de permitir à russa Kamila Valieva competir nas Olimpíadas de Inverno de Pequim mesmo depois de testar positivo para uma substância que dá ganho esportivo. Sha'Carri também foi pega no doping, por uma droga recreativa, que usou depois de saber da morte da mãe, e foi impedida de competir nos Jogos de Tóquio.
"Podemos obter uma resposta sólida sobre a diferença da situação dela e a minha? Minha mãe morreu e eu não pude correr e também era favorita para ir ao pódio. A única diferença que vejo é que sou uma jovem negra", escreveu no Twitter.
Richardson se tornou a grande figura da seletiva americana ao vencer os 100m rasos e sair correndo para a arquibancada para abraçar a avó. A imprensa noticiou que a corredora havia perdido a mãe biológica uma semana antes da competição. A imagem dela rodou o mundo, como exemplo de uma mulher aguerrida e poderosa.
Mas ainda durante a seletiva, a agência antidoping dos EUA revelou que ela havia aceitado, sem ir a julgamento, uma suspensão por doping, depois de testar positivo para o principal psicoativo da maconha no mesmo dia da final dos 100m. Ela comprovou que não consumiu a substância no âmbito da competição e aceitou participar de um curso. Por isso recebeu uma suspensão branda, de um mês, suspensão mínima prevista no código antidoping.
Em entrevista, Richardson admitiu que fumou maconha e justificou que sentiu necessidade de fazer uso da droga depois de saber, naquele dia, que a mãe havia morrido. O consumo de maconha é permitido no Oregon, estado onde ocorreu a competição.
Apesar de a suspensão acabar antes do início da Olimpíada, Richardson, que estava suspensa no momento da convocação da federação de atletismo dos Estados Unidos, a USA Track & Field, acabou fora da lista e dos Jogos de Tóquio.
Valieva também testou positivo em um campeonato nacional — no caso, o russo de patinação artística —, mas o laboratório apontado para fazer o exame, o de Estocolmo, na Suécia, levou mais de um mês para informar o resultado analítico adverso, até um dia depois da final olímpica por equipes, em que Valieva foi ouro. Os russos não teriam informado que o exame era urgente, por envolver uma atleta que iria à Olimpíada.
A patinadora recebeu uma suspensão provisória (como manda o código antidoping), recorreu no dia seguinte e, em questão de horas, o tribunal antidoping da Rússia promoveu um julgamento, muito criticado pela Agência Mundial Antidoping (Wada), retirando a suspensão e permitindo a ela continuar em Pequim e seguir disputando a Olimpíada. O Comitê Olímpico Internacional (COI) recorreu dessa decisão na Corte Arbitral do Esporte (CAS), que deu razão a Valieva.
A russa continua em Pequim e vai disputar logo mais a competição feminina de patinação no gelo. O COI decidiu, porém, que se ela for ao pódio (e ela é muito favorita ao ouro), não haverá entrega de medalhas, como já não houve na prova por equipes. As cerimônias só serão realizadas depois que o caso for julgado em última instância.
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